598 emendas

Geração distribuída e CDE lideram emendas na MP 1.300

Sessão conjunta do Congresso deve votar vetos, mas principais "jabutis" da eólica offshore devem ter decisão adiada.
Sessão conjunta do Congresso deve votar vetos, mas principais "jabutis" da eólica offshore devem ter decisão adiada.

A Medida Provisória (MP) 1.300, que trata da reforma do setor elétrico, recebeu 598 emendas, sendo que os temas mais presentes foram autoprodução, subsídios, Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e micro e minigeração distribuída (MMGD).

Inicialmente, foram apresentadas 600 emendas, mas duas delas foram retiradas pelos autores.

Ainda não foi definida a relatoria da MP no Congresso. Os mais cotados, atualmente, são os deputados Fernando Coelho Filho (União-PE), que é ex-ministro de Minas e Energia, e Hugo Leal (PSD-RJ), ex-secretário de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro.

Fernando Coelho Filho não apresentou emendas, enquanto Hugo Leal é o autor de sete. O deputado propôs, entre outras alterações, que a MP defina regras para prorrogação nas concessões de geradoras hidrelétricas por 30 anos, e que proíba a venda de energia elétrica por distribuidoras, dentro de suas áreas de concessão, a consumidores livres ou comercializadoras.

Para o curtailment, Hugo Leal propôs que seja instaurado um mecanismo semelhante ao que a MP criou para solucionar o passivo do GSF: as perdas financeiras poderão ser vendidas num leilão organizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), e os compradores dos títulos poderão ter as concessões estendidas em até sete anos.

Outra emenda do deputado altera a Lei 14.300, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída, para que as componentes tarifárias, exceto encargos setoriais, incidam apenas sobre o consumo líquido, após o desconto da energia injetada e os créditos acumulados.

191 emendas sobre MMGD

Segundo Rosimeire da Costa, presidente do Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen), 191 das emendas propostas são relacionadas à MMGD.

Durante participação no Sendi, em Belo Horizonte (MG), Costa alertou que muitas das emendas terão potencial de aumentar a conta de luz, como muitas que aumentam os benefícios da MMGD. “Por que uma pessoa que ganha três salários-mínimos carrega em 50% na sua fatura de energia elétrica aquela pessoa que teve capacidade econômica de fazer um investimento de R$ 50 mil em uma usina em sua residência? Isso é geração distribuída“, criticou.

As emendas sobre MMGD têm abordagens variadas. O deputado Filipe Martins (PL-TO), por exemplo, propôs garantir a estabilidade da expectativa de receita de empreendimentos de GD – ainda que esses projetos não tenham receita de venda de energia, já que são enquadrados como consumo.

O senador Laércio Oliveira (PP-SE) propôs uma alteração que permite o corte da injeção do usuário de MMGD em casos de necessidade sistêmica. Na prática, a proposta insere a geração distribuída entre as fontes passíveis de restrição (curtailment), o que hoje se aplica apenas à geração centralizada.

Já o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) pede que a Lei 14.300 seja alterada para proibir que as unidades consumidoras de GD tenham encargos ou tarifas decorrentes de cortes ou redução na geração de energia elétrica.

Laércio Oliveira é um dos nomes já indicados para a Comissão Mista. Os nomes já indicados somam 88 emendas propostas, número que ainda pode mudar até a instalação oficial da comissão.

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania – SP), com forte atuação no setor de energia, liderou o ranking de proposição de emendas, com 30 alterações na MP, e ainda não aparece na lista da Comissão Mista, mas informou que deve ser nomeado.

Audiência pública na Comissão de Minas e Energia

Arnaldo Jardim faz ainda parte da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Na semana passada, durante live sobre a MP 1.300 realizada pela Dominium Group, o deputado disse que a CME terá um papel paralelo para acompanhar a matéria, o que deve ajudar nas discussões no Congresso.

Ontem, 28 de maio, a CME aprovou um requerimento de autoria de Jardim e do deputado Diego Andrade (PSD-MG) para realizar uma audiência pública sobre a MP 1.300 e seus impactos e desdobramentos. Ainda não foi definida data para a audiência, que deve ter como convidado o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para apresentar os fundamentos da proposta, prestar esclarecimentos e debater os impactos da MP com os parlamentares.