Baixa expansão

Curtailment de renováveis pode crescer até 300% no Brasil até 2035

Inovação: energias renováveis e agronegócio estão na liderança / Crédito: Divulgação Atlantic
renováveis / Crédito: Divulgação Atlantic

Os cortes de geração renovável, conhecidos pelo termo curtailment, devem crescer até 300% até 2035, de acordo com relatório da consultoria Wood Mackenzie. As projeções da consultoria indicam que os cortes devem chegar a 8% da energia gerada, em média, na próxima década, com impactos mais acentuados no Nordeste, onde devem chegar a 11% da energia total gerada.

O cenário da consultoria inclui a adição de cerca de 76 GW em nova capacidade eólica e solar até 2035, crescimento que deve ser impulsionado por projetos que buscam aproveitar descontos nas tarifas de transmissão e distribuição no caso da geração centralizada, além da expansão da geração solar distribuída, que deve ser de 5,5% ao ano.

Fonte Wood Mackenzie
Fonte: Wood Mackenzie

Desaceleração das fontes renováveis

Apesar do grande volume de projetos em construção, o relatório aponta que a expansão do crescimento da geração já desacelerou em relação com os últimos anos, refletindo uma combinação de fatores que incluem excesso de oferta, aumento nas tarifas de importação de módulos fotovoltaicos e o fim dos descontos no uso da rede pra fontes incentivadas para novos projetos.

“Dada a janela estendida para subsídios tarifários, os geradores renováveis estão adiando suas estratégias de negócios até que as incertezas regulatórias sejam resolvidas e os preços melhorem”, afirmou Marina Azevedo, analista sênior da Wood Mackenzie.

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Descompasso com transmissão

Mesmo com novas linhas de transmissão planejadas até 2029, como o bipolo Silvânia-Graça Aranha, a infraestrutura de transmissão de energia continuará insuficiente para o aumento da geração, especialmente nos horários de pico da geração solar.

O bipolo, de 800 kV e cerca de 1.468 km de extensão, busca escoar a energia excedente do Nordeste para o Centro-Sul do país, principalmente de fontes renováveis. A linha foi arrematada pela chinesa State Grid em leilão em dezembro de 2023 e envolve R$ 18 bilhões em investimentos. 

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Armazenamento em baterias é solução crítica

De acordo com a Wood Mackenzie, apenas a combinação entre sistemas de armazenamento de energia em baterias e a expansão da rede de transmissão, a partir de 2030, será capaz de conter a queda nas novas instalações de usinas renováveis.

A partir de 2032, o uso de baterias e o avanço de tecnologias que prolongam a duração do armazenamento serão essenciais para reduzir o curtailment e estabilizar o sistema elétrico.

“As adições de transmissão sozinhas não resolverão o problema. Baterias e medidas de resposta à demanda serão fundamentais para absorver o excesso de oferta e converter energia desperdiçada em receita”, explicou Fernando Dorand, analista da consultoria.

Contudo, os especialistas alertam para a necessidade de apoio regulatório. Os altos custos de capital ainda exigem incentivos como leilões específicos para armazenamento. A Wood Mackenzie avalia que atrasos nesses leilões podem comprometer as previsões e ampliar os riscos de subutilização da energia gerada.

No início de julho, o secretário-executivo adjunto do Ministério de Minas e Energia (MME), Fernando Colli, declarou que um certame para baterias só deverá acontecer depois do leilão de reserva de capacidade (LRCap). Dias depois, o ministro da pasta, Alexandre Silveira, afirmou que o leilão de reserva de capacidade deve ocorrer em 2026, e só não será realizada se houver “fato superveniente”. Ele ressaltou, no entanto, que a pasta está empenhada em cumprir todas as etapas o mais rápido possível. 

(Alterada em 2 de julho, às 15h, para correção de informações)

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