IEA prevê segunda maior onda da história na emissão de CO2 para 2021

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

22/Abr/2021 11:40 BRT

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) divulgou relatório em que aponta um crescimento de 1,5 bilhão de toneladas na emissão global de CO2 em 2021, revertendo grande parte do declínio causado pela pandemia do covid-19 no ano passado. O relatório indica que esse pode ser o maior aumento nas emissões de gás carbono desde 2010, impulsionado pelo uso intensivo para a recuperação da crise financeira global.

Neste ano, a estimava é que as emissões de CO2 aumentem em cerca de 5%, atingindo o nível de 33 bilhões de toneladas. O agente principal para essa expectativa de aumento é a demanda por carvão, que deve crescer por volta de 4,5%, tendo o setor elétrico como responsável por três quartos desse volume.

“As emissões globais de carbono devem subir para 1,5 bilhões de toneladas esse ano – impulsionadas pelo ressurgimento do uso do carvão no setor de energia. Esse é um terrível aviso de que a recuperação econômica da crise do covid-19 atualmente é tudo menos sustentável para o nosso clima”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da IEA, alertando para uma piora da situação em 2022 caso não sejam tomadas rápidas ações.

Quanto à demanda global por energia, o crescimento deve ficar em torno de 4,6% em 2021, liderada pelos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Já a demanda por todos os tipos de combustíveis fósseis também segue em curso para um crescimento significativo nesse ano, com carvão e gás esperados para ultrapassar seus níveis de 2019. Conforme o relatório da IEA, o consumo por petróleo também está voltando, mas se espera que fique abaixo do pico de 2019, uma vez que o setor de aviação continua sob pressão.

O aumento esperado no uso de carvão supera o de renováveis em quase 60%, apesar da crescente demanda por fontes renováveis. Segundo o documento, mais de 80% do crescimento na utilização de carvão projetado para 2021 deve vir da Ásia, liderada pela China. O uso de carvão nos Estados Unidos e na União Europeia também deve crescer, mas se manterá bem abaixo dos níveis pré-crise.

Sobre a geração de energia renovável, é esperado um crescimento de cerca de 8% em 2021, sendo responsável por mais da metade do crescimento geral no suprimento de energia global. As maiores contribuintes desse crescimento devem ser as fontes solar e eólica, que estão próximas do seu maior aumento anual da história. A geração de energia híbrida também aparece no estudo, com uma projeção de para alcançar mais de 2.800 TWh em 2021.

Assim, as energias renováveis devem providenciar cerca de 30% da geração elétrica mundial neste ano, sua maior parcela desde o início da Revolução Industrial. A China é esperada por suprir quase metade do crescimento global em geração elétrica proveniente de fontes renováveis, seguida pelos Estados Unidos, União Europeia e Índia.