EDP quer crescer portfólio de solar em 1 GW até 2025 e reduzir presença em hídricas

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

26/Abr/2021 19:30 BRT

Categoria

Solar

A grande aposta da EDP Brasil para crescimento em geração de energia no país se dará pelo aumento da participação em projetos de energia solar, seja em geração distribuída ou aqueles em larga escala, de maior capacidade instalada. Com isso, a empresa deverá sair dos 50 MWp que possui atualmente para 1 GW de projetos solares em cinco anos, investindo R$ 3 bilhões apenas neste segmento.

O interesse foi apresentado durante reunião com analistas de mercado nesta segunda-feira, 24 de abril, e detalhou os investimentos da companhia em cada área de negócio no período de 2021 a 2025.

“Nossa aposta de geração de futuro e nós cremos crescer muito em solar”, disse o CEO da EDP Brasil, João Marques da Cruz. Para os projetos em grande escala, a empresa contará com a parceria da EDP Renováveis, que tem tecnologia e inovação no mercado para consolidação dessas usinas.

Para alcançar a meta de 1 GW até 2025, a empresa conta: com a aquisição de ativos solares da AES Inova (34 MWp); aquisição de 40% da Blue Sol (geração compartilhada); antecipação da prospecção de terrenos para acelerar futuros projetos; ajuste de engenharia e início das compras antecipadas para reduzir preço e tempo de implantação; cross-selling; leilões de projetos de eficiência; e marketing digital.

Conforme o crescimento venha a ser consolidado em solar, o grupo prevê reduzir sua participação em projetos hidrelétricos. Os ativos que serão contemplados nesta redução, no entanto, não foram indicados, tampouco de que forma isso deve ocorrer.

“Haverá uma diminuição da exposição (ao risco hidrológico), à medida em que formos avançando nesse plano de negócios (solar), disse Henrique Freire, CFO da EDP Brasil. Apesar de a empresa possuir 47% da energia repactuada, num total de R$ 490 milhões, o mercado livre representa 56% da sua venda de energia, exposta ao Preço da Liquidação das Diferenças (PLD) e a um GSF na casa dos 80% nos últimos anos.

“Temos conseguido entregar resultado, essa é a verdade, mas é um risco bastante relevante. Importante termos a visão que continuaremos com as hidrelétricas, mas que à medida que formos ampliando solar, vamos reduzindo o consolidado”, concluiu o CFO da EDP Brasil.

A empresa possui uma capacidade instalada de 2,2 GW em projetos de geração convencional, com prazo médio de concessão de 16 anos e 90% da energia contrata. Os ativos consolidados somam R$ 1,2 bilhão e outros R$ 1,5 bilhão são referentes aos projetos não consolidados das hidrelétricas de Jari, São Manoel e Cachoeira.

Perspectivas para expansão solar

Quanto aos custos e perspectivas para a fonte nos próximos cinco anos, a expectativa é de uma redução nos custos dos equipamentos importados, e que correspondem a 60% do projeto, e estão neste momento fortemente influenciados pelo alto valor do dólar. Além disso, com uma evolução da produtividade e tecnologia, que já vem sendo conversada com os fornecedores, deve melhorar ainda mais a atratividade.

Segundo Carlos Andrade, vice-presidente de Estratégia e Novos Negócio da EDP, atualmente o custo de Capex/MWp para projetos de geração está em torno de R$ 4 milhões/MWp, “até um pouco acima, dependendo do projeto, porque você compra por trimestre, e até para o próximo”.

Também colabora para esse valor a alta demanda por placas fotovoltaicas e o preço no para o curto prazo estarem mais elevados. Para os projetos em larga escala, o valor de investimento por MWp fica na casa dos R$ 2 milhões, pelo volume adquirido.

Valores mais próximos em projetos de geração distribuída e de larga escala devem ocorrer até 2025, aposta Andrade, em torno dos R$ 2 milhões.