Fatia do mercado livre aumenta na carga, expansão da oferta e alocação de lastro

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

19/Mai/2021 13:45 BRT

O mercado livre de energia ganhou maior protagonismo dada a sua adaptabilidade no gerenciamento de contratos e viabilização de projetos durante um período econômico desafiador, em decorrência da pandemia do covid-19. E a sua atuação se traduz em números: crescimento de 2% da participação da carga de energia, chegando a 32% em 2020, e a responder por 68,5% da expansão da potência instalada do país até 2030.

Os dados constam no levantamento da MegaWhat Consultoria, Panorama de Energia Elétrica do Curto ao Longo Prazo, publicado nesta semana, considerando os dados da primeira revisão quadrimestral da carga de 2021, elaborada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O ano de 2020 encerrou com uma carga de 66,8 GW médios e o Ambiente de Contratação Livre (ACL) conquistou uma fatia maior desse montante, do que vinha registrando até então. Após se manter em 30% de participação na carga total nos anos de 2018 e 2019, em 2020 a carga do mercado livre aumentou 2 pontos percentuais.

Em relação à expansão da oferta, o mercado livre deve responder por uma expansão de cerca de 24 GW até 2030, o que corresponde a 68,5% do total da expansão de potência esperada para os próximos dez anos. A potência instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN) deve chegar ao patamar de 179 GW em 2021 e, até 2030, de 202 GW de capacidade instalada.

A previsão considera usinas existentes, contratadas por meio de leilões regulados e empreendimentos viabilizados totalmente no mercado livre de energia, além disso, prevê o descomissionamento de usinas a óleo combustível, a carvão e de eólicas do Proinfa, ao término de suas outorgas atuais, que podem resultar em - 7,06 GW.

A análise da MegaWhat também indica que a expansão das fontes solar, biomassa e eólica vai ocorrer majoritariamente no mercado livre, com destaque para as duas primeiras. Da oferta para os próximos dez anos, 90% da expansão da fonte solar e 82% das usinas a biomassa serão viabilizados integralmente no mercado livre. No mesmo sentido, a maior parte da expansão da potência da fonte eólica também ocorre no ACL, atingindo 63%.

Considerando o lastro de energia conforme o ambiente de contratação, em 2021, os mecanismos de descontratação já alocaram cerca de 3,5 GW médios de lastro do Ambiente de Contratação Regulado (ACR) para o mercado livre.

A consultoria aponta que essa alocação de lastro mostra uma tendência de queda da participação do ACR nos próximos anos, por conta da maior alocação de novos empreendimentos no mercado livre, sendo compatível com o movimento de abertura do mercado.