GSF elevado deve pressionar balanços de hidrelétricas em 2021

Camila Maia

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Camila Maia

Publicado

31/Mai/2021 13:32 BRT

O cenário hídrico adverso é preocupante, mas não há riscos de racionamento de energia neste ano, de acordo com relatórios dos bancos Itaú BBA e Credit Suisse enviados a clientes nessa segunda-feira, 31 de maio. Donas de hidrelétricas com contratos no mercado livre, contudo, devem ser pressionadas pelo GSF de 2021, que tende a ser pior do que o esperado.

"O Brasil tem alternativas de oferta de energia para suprir a demanda. O país é menos dependente da geração hidrelétrica devido ao aumento da participação de outras fontes na matriz, como termelétricas e renováveis", escreveram os analistas Marcelo Sá, Matheus Saliba e Luiza Candiota, do Itaú BBA.

Os reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) chegaram ao fim do período úmido, em abril, com 42% da capacidade total e 32% no Sudeste/Centro-Oeste, um pouco abaixo da situação vista na crise hídrica de 2014, quando o SIN estava em 42% e o Sudeste/Centro-Oeste com 37%. 

Os analistas Carolina Carneiro e Rafael Nagano, do Credit Suisse, destacam que, mesmo assim, o sistema hoje está melhor adaptado para absorver os impactos do cenário adverso. A capacidade total instalada no país cresceu 31% desde 2014, contra um aumento de 4% na demanda. A participação de hidrelétricas na matriz caiu de 67% para 62%, e a capacidade instalada de termelétricas subiu de 37,8 GW para 42,9 GW.

"Ainda que o cenário hídrico brasileiro não seja favorável, acreditamos que o setor está preparado. Ainda assim, notamos que as geradoras mais expostas à hidroeletricidade, como AES Brasil e Cesp, devem ser negativamente afetadas pelo GSF pior que o esperado", escreveram os analistas do Credit Suisse. 

Segundo o Itaú BBA, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) espera um GSF médio de 23% em 2021, com pico durante o terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, o PLD deve chegar ao pico de R$ 497/MWh nesse período, o que vai prejudicar os balanços das hidrelétricas.

Dentro das empresas analisadas pelo Itaú BBA, Eletrobras, Engie e Cemig devem se beneficiar dos preços de energia mais elevados no mercado de curto prazo, por manterem parte da energia descontratada.