Política de energia de baixo carbono na França não é rápida o suficiente, diz IEA

Natália Bezutti

Autor

Natália Bezutti

Publicado

30/Nov/2021 12:00 BRT

A taxa atual de implantação de tecnologias de energia de baixo carbono e soluções de eficiência energética na França não é rápida o suficiente para o governo cumprir suas metas de energia e clima, exigindo esforços políticos mais fortes e mais investimentos. A análise consta no relatório Revisão da Política de Energia da França de 2021, realizada pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Segundo a agência, a França teve um papel importante no impulsionamento das políticas para transição energética mundial, seja no âmbito da União Europeia, ou nas negociações e resultado no Acordo de Paris (2015), mas precisa acelerar nesse processo para cumprir suas próprias metas.

 Entre as ações de pioneirismo do país, a IEA cita promulgação de uma lei climática e, em 2019, a publicação de uma legislação com metas para zerar as emissões gases do efeito estufa até 2050. Além disso, a França iniciou uma abordagem de orçamento verde em todo o governo, alinhando os níveis nacionais de despesas e receitas com metas climáticas e ambientais.

Com essas decisões, o programa de investimentos do governo francês para 2030 e seu plano de recuperação econômica estão entre os mais ambiciosos globalmente, com esquemas de financiamento inovadores para encorajar reformas de edifícios e transporte de baixo carbono.

Mesmo assim, no próximo ano, a agência internacional aponta que o governo da França precisará tomar decisões importantes para garantir que o país esteja no caminho certo para cumprir sua meta de emissões zero líquidas para 2050, principalmente na modernização de suas instalações de energia nuclear.

A revisão da IEA aponta que para manter seu setor de energia de baixo carbono, a França precisa expandir as energias renováveis e decidir sobre o futuro de suas instalações nucleares envelhecida, que em 2019, representava 71% da produção de eletricidade. Além disso, metade da geração de energia por fontes renováveis da França é proveniente de hidrelétricas que foram construídas décadas atrás.

O relatório ainda aponta que o governo está tentando acelerar o progresso em energia solar e eólica simplificando as licenças, promovendo iniciativas emblemáticas e alinhando as ambições regionais e nacionais, mas que esses esforços promissores correm o risco de ser prejudicados sem políticas mais sustentadas e consistentes.

Dessa forma, a agência aponta que a França deverá tomar uma decisão sobre o seu mix de eletricidade pós-2030 e quanto aos mecanismos de financiamento, para enviar sinais claros aos investidores, especialmente em energia nuclear.

A segurança energética será fundamentalmente importante durante a transição para energia limpa, uma vez que o país ainda depende de petróleo e gás para suprir dois terços de seu consumo de energia. Com isso, o governo deverá apoiar a transição para combustíveis de baixo carbono e promover o engajamento na cooperação internacional e europeia em combustíveis como o hidrogênio.

“A França está se aproximando de uma encruzilhada, já que decisões importantes sobre o seu sistema de energia precisam ser tomadas em breve para garantir o atingimento de zerar as emissões líquidas até 2050. Investindo muito mais em eficiência energética, energia renovável e energia nuclear, a França pode acelerar o progresso nos seus principais objetivos de energia e clima”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da IEA.

 A eficiência energética é o pilar central da estratégia nacional de baixo carbono da França. Nos últimos 20 anos, quase todos os ganhos de eficiência vieram dos setores residencial e de serviços, refletindo o sucesso adoção das regras de construção e regulamentações de produtos mais rígidos. No entanto, as taxas de renovação permanecem baixas e apenas pequenas economias foram obtidas no setor de transporte.

 “Esta revisão ocorre em um período crucial, em particular para antecipar a preparação da revisão do plano plurianual francês e a discussão da lei de programação energética e climática em 2023. A revisão da IEA confirma as orientações que a França adotou, com base em três pilares: fortalecimento da energia eficiência, desenvolvimento de energias renováveis e manutenção de uma base de eletricidade nuclear”, disse Barbara Pompili, ministra para a Transição Ecológica da França.