IEA prevê desaceleração da demanda global por eletricidade em 2022

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

20/Jul/2022 20:43 BRT

O crescimento da demanda global por eletricidade vem diminuindo em 2022 devido ao fraco crescimento econômico e à alta nos preços de energia decorrentes da invasão da Rússia à Ucrânia, avalia a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) em seu novo relatório sobre o mercado elétrico, publicados nesta quarta-feira, 20 de julho.

De acordo com a publicação, a demanda global por eletricidade deve crescer cerca de 2,4% neste ano, após ter registrado avanço de 6% em 2021, alinhando-se com a média observada ao longo dos cinco anos anteriores à pandemia de covid-19. A IEA avalia que a demanda de eletricidade deve manter esse ritmo até 2023, ainda que haja incertezas econômicas sobre o impacto dos preços dos combustíveis no mix de geração.

“Fortes incrementos na capacidade devem impulsionar a geração global de energia renovável em mais de 10% em 2022, substituindo parte da geração a partir de combustíveis fósseis. Apesar do declínio de 3% na fonte nuclear, a geração de baixo carbono deve crescer cerca de 7%, ocasionando uma queda de 1% no total da geração baseada em combustíveis fósseis”, diz o relatório da IEA.

Analisando o primeiro semestre de 2022, a agência mostra que os preços do gás natural na Europa estão quatro vezes maiores do que no mesmo período do ano passado, enquanto os preços de carvão triplicaram. Isso fez com que os preços de energia em atacado mais do que triplicassem em diversos mercados.

Além disso, a alta nos preços dos combustíveis e as restrições ao gás russo levaram diversos países europeus a substituírem o gás natural por carvão na geração de energia. Dessa forma, o uso do carvão no setor deve aumentar neste ano, enquanto a geração a gás deve diminuir em cerca de 2,6%.

“O mundo está no meio da primeira crise energética verdadeiramente global, impulsionada pela invasão da Rússia à Ucrânia, e o setor elétrico é um dos mais afetados. Isso é especialmente evidente na Europa, cujo mercado de energia está passando por grandes perturbações, e nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde a ruptura no abastecimento e aumento nos preços dos combustíveis estão tensionando sistemas de poder já fragilizados e resultando em apagões. Governos estão recorrendo a medidas emergências para lidar com os desafios imediatos, mas eles também precisam focar em acelerar o investimento na transição energética sustentável como a resposta mais efetiva e duradoura para a crise atual”, alertou Keisuke Sadamori, diretor de Mercados de Energia e Segurança da IEA.