Tecnologia brasileira pretende transformar vinhaça em hidrogênio verde

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

19/Jan/2022 16:51 BRT

Pesquisadores do novo Laboratório de Células a Combustível da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) pretendem desenvolver um reator eletrolítico para gerar hidrogênio verde a partir da vinhaça, resíduo poluente advindo da produção de etanol que, ao ser processado, pode ser usado como adubo em lavouras, sobretudo de cana-de-açúcar.

Financiado pela Shell do Brasil e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o laboratório integra o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) e é chefiado por Thiago Lopes, professor da Poli-USP. Lopes explica que “transportar este resíduo até as plantações é um processo caro e trabalhoso para as usinas. Sem contar que, se mal aplicada, a vinhaça pode danificar a plantação e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. É possível aprimorar esse processo”.

O reator para a vinhaça será desenvolvido no laboratório de células a combustível, e a parceria  entre o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ocorrerá apenas no ácido oxálico - hidrogel - , que por sua vez, será aplicado no processo de plantio para armazenar carbono no solo. Segundo Lopes, “a ideia é criar um ciclo virtuoso e habilitar novos mercados no setor sucroalcooleiro nacional”, tendo a produção do hidrogênio verde como um dos resultados do processo.

O reator também fará com que a vinhaça fique mais concentrada, de forma a facilitar seu armazenamento e transporte, minimizando, ainda, a adição de adubo sintético à lavoura e evitando uma maior poluição do lençol freático. Outro objetivo do laboratório consiste em desenvolver peças mais eficientes e baratas para veículos com motor de célula a combustível, os quais, segundo o professor, devem crescer no Brasil até 2040.