Equinor defende maior diálogo para a transição energética no Brasil

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

15/Mar/2021 14:44 BRT

A presidente da petroleira norueguesa Equinor no Brasil, Verônica Coelho, afirmou na última semana que a transição energética já é uma realidade no país, ainda que com aspectos próprios e diferentes do fenômeno visto em outras localidades. Segundo ela, é necessário um maior diálogo com o Estado e uma maior atenção às necessidades socioeconômicas do consumidor brasileiro. A executiva, que participou de evento sobre o relatório de perspectivas globais da companhia para o setor de energia até 2050, destacou o investimento do grupo no país e a questão do maior protagonismo da geração de energias solar e eólica na matriz brasileira.

Presente ao evento, o economista-chefe da Equinor, Eirik Wærness, responsável pelo relatório, destacou os efeitos incertos que a pandemia do covid-19 trouxe para o mercado. Por meio dos cenários “Reforma”, “Competição” e “Reequilíbrio”, o relatório descreve os resultados possíveis para o desenvolvimento da economia mundial, a matriz energética global, a demanda de energia e as emissões de gases de efeito estufa até 2050.

Nesse contexto, o cenário “Reforma” é baseado em um desenvolvimento impulsionado pelo mercado e pela tecnologia e, apesar de gerar crescimento econômico, não promete atingir todos os objetivos no plano climático. No cenário “Competição”, o relatório assume que a política climática não é suficientemente priorizada e, consequentemente, a transição energética não está ganhando impulso suficiente. Assim, essas tendências levam a um foco em segurança energética e a uma menor cooperação global, gerando fraco crescimento econômico e marcado por incertezas geopolíticas. Por fim, o cenário ideal do “Reequilíbrio” prevê uma mudança no comportamento do consumidor e uma política global de assistência aos países emergentes, onde o crescimento econômico será mais acelerado. Nessa perspectiva, o foco deve estar nas metas de sustentabilidade da ONU (Agenda 2030), com cooperação entre os países desenvolvidos e emergentes.

Para Fernanda Delgado, pesquisadora e assessora estratégica da FGV Energia, é preciso levar em conta o atual cenário brasileiro, no qual os riscos geopolíticos passam uma imagem de instabilidade no país, dando uma perspectiva incerta da transição energética. Nesse ínterim, é preciso salientar que o Brasil ainda está aquém em projetos de baixo carbono, devendo focar na produção de biocombustíveis e de energias renováveis, retomando investimentos no ambiente microeconômico, ainda que o cenário atual seja de abertura externa do setor energético para mais investimentos.

De acordo com a pesquisadora, a demanda de petróleo e gás no Brasil ainda é muito grande, principalmente no setor de transportes, sendo ainda necessário um investimento no setor de óleo e gás. Além disso, é importante notar os efeitos restritivos da economia resultantes da pandemia do covid-19, cujos efeitos reforçaram ainda mais a necessidade de priorização em setores como saúde e educação. “Há um limite para a importação de soluções de países ricos, que não leva em consideração nossas características e o poder de compra de nossa população [...] Já estamos numa era descarbonizada e vamos avançar na transição energética que podemos fazer”, disse Delgado.