Com venda de parque no RN, Petrobras marca saída de mercado de energia eólica

Rodrigo Polito

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Rodrigo Polito

Publicado

04/Mar/2021 13:34 BRT

Categoria

EmpresasEólica

Com a assinatura do contrato de compra e venda da sua participação na eólica Mangue Seco 2, para o FIP Pirineus, na última semana, a Petrobras consolida a sua saída do setor de geração de energia eólica. O negócio, de R$ 33 milhões, envolveu a venda de 51% no empreendimento e está sujeito ao cumprimento de condições precedentes para a sua conclusão.

A eólica Mangue Seco 2 faz parte de um complexo formado por quatro parques eólicos, em Guamaré (RN), com capacidade instalada de 104 megawatts (MW). A petroleira já havia assinado contratos para a venda de sua participação nos parques Mangue Seco 1, 3 e 4, por cerca de R$ 132 milhões, em janeiro deste ano.

Os quatros parques foram contratados no primeiro leilão de energia eólica, realizado em 2009. Na ocasião, os projetos negociaram energia ao preço de R$ 150 por megawatt-hora (MWh), a valor da época.

Com a venda dos quatro empreendimentos, porém, a Petrobras deixará de ter ativos comerciais de energia eólica.

O movimento da estatal vai na contramão de outras grandes petroleiras, principalmente europeias, que estão investindo em fontes renováveis em caráter comercial, buscando rentabilidade com o negócio.

A norueguesa Equinor, por exemplo, possui um parque solar de 162 megawatts (MW) de capacidade instalada no Ceará, inaugurado em 2018. O complexo de Apodi, como é chamado, foi a primeira iniciativa da companhia em energia solar no mundo. O grupo pretende alcançar de 4 a 6 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energias renováveis até 2026.

Já a petroleira francesa Total, que possui cerca de 9 GW de capacidade de projetos de fonte renovável em operação, pretende ampliar esse número para 35 GW até 2025.

A estratégia atual da Petrobras com relação à fonte eólica é baseada somente em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de eólicas offshore (marítimas). “No momento, todos os projetos da Petrobras em eólica offshore são focados em P&D, sem previsão de entrada de operação de eólica offshore”, informou a empresa à MegaWhat.

A Petrobras acrescentou que o foco atual da empresa é o investimento na descarbonização de suas operações, na inovação e na aquisição de competências que permitam uma futura diversificação em energias renováveis, por meio de P&D.

Apesar de não fazer novos investimentos comerciais em fontes renováveis, a Petrobras lançou metas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Até 2030, a companhia pretende reduzir em 25% as emissões absolutas operacionais totais de gases de efeito estufa, em relação a 2015.