Fitch eleva ratings da Copel de longo prazo para AAA

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

11/Jun/2021 16:35 BRT

A agência de classificação de riscos Fitch Ratings elevou o rating nacional de longo prazo da Copel de AA+ para AAA da Copel. A perspectiva dos ratings corporativos, com exceção do da Copel Telecom, foi revisada de positiva para estável. Segundo a agência, os ratings da Copel Telecom e de suas emissões de debêntures serão mantidos em observação negativa e observação indefinida, respectivamente, até a conclusão do seu processo de venda e a substituição ou exclusão das garantias prestadas pela Copel.

A elevação dos ratings pela Fitch considera a melhora consistente do desempenho operacional do grupo Copel e a expectativa de manutenção de seu forte perfil financeiro, com alavancagem líquida ajustada inferior a 2,5 vezes. Dentro de um setor que apresenta risco baixo a moderado, a Copel possui ativos de geração, transmissão e distribuição, que influenciam na diluição de potenciais riscos operacionais e regulatórios. Os ratings da Copel consideram, ainda, o risco político inerente ao seu controle acionário público, mas os vínculos com o estado do Paraná (AA/estável) não restringem as classificações.

De acordo com a Fitch, a Copel está preparada para o aumento do risco hidrológico, pois assumindo um GSF de 75% em 2021 e incluindo os ativos eólicos, a geração total esperada será de 1,9 GWm. Para 2022, estima-se um excedente de 180 MWm, assumindo GSF de 80%. Considerando um preço médio de R$ 250/MWh no mercado spot em 2021, a perda extra de Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) seria de R$ 35 milhões para cada ponto percentual de redução no GSF, segundo a Fitch.

No âmbito da distribuição, a agência afirma que a Copel tem apresentado ganhos consistentes de eficiência, embora parte destes possa ser incorporada na próxima revisão tarifária, em junho de 2021. O Ebitda da distribuidora é estimado em R$ 1,5 bilhão em 2021, 9% acima do Ebitda regulatório preliminar calculado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

De forma geral, o Ebitda consolidado do grupo Copel é estimado em R$ 4,3 bilhões em 2021 e R$ 4,8 bilhões em 2022. Em 2021, os negócios de distribuição e transmissão devem incrementar o EBITDA do grupo em R$ 356 milhões, compensando parte das perdas de R$ 480 milhões em geração e perda de R$ 95 milhões após a venda da Copel Telecom.

Segundo a Fitch, em 2022 os ativos de geração devem incrementar o Ebitda consolidado em cerca de R$ 560 milhões, refletindo menor custo com compra de energia e superando com folga o impacto de R$ 140 milhões em transmissão, devido ao adiamento do calendário de recebimento de investimentos por ativos antigos de transmissão, e de R$ 76 milhões referentes à Telecom.

O fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) da Copel, de acordo com a agência, deverá retornar a patamares positivos a partir de 2022, após R$ 2,6 bilhões negativos em 2021. A projeção inclui potencial de antecipação de R$ 1 bilhão referente ao lucro líquido de 2021, que deverá incorporar o ágio na venda da Copel Telecom e a repactuação do GSF. Os investimentos devem se reduzir para cerca de R$ 1,6 bilhão a partir de 2022. O fluxo de caixa das operações (CFFO) da Copel em 2021 é estimado em R$ 2,8 bilhões, com aumento para R$ 3,7 bilhões em 2022, refletindo o maior Ebitda e a maior amortização de ativos regulatórios.

A avaliação incorpora, ainda, a aquisição do complexo eólico Vilas, que deverá incrementar o Ebitda do grupo em pelo menos R$ 110 milhões e a dívida líquida em cerca de R$ 490 milhões, a partir de 2022. Também foi contemplada a alienação do controle da hidrelétrica Foz do Areia, em 2022, que representa quase 20% da energia assegurada do grupo. A aquisição do complexo Vilas repõe 22% do EBITDA da hidrelétrica projetado para 2023 e reduz, ligeiramente, a exposição do grupo ao risco hidrológico.