“Térmicas dão sustentação para todo o setor”, afirma Rui Altieri da CCEE

Jade Stoppa Pires

Autor

Jade Stoppa Pires

Publicado

30/Jun/2021 18:18 BRT

Quando se discute a redução das emissões de CO2 na operação da matriz elétrica brasileira, o avanço de energias renováveis, como eólica e solar, é um dos pontos principais. Entretanto, segundo Rui Altieri, presidente do conselho da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o sistema não pode depender apenas dessas fontes, pois elas possuem menor potência e são intermitentes, uma vez que dependem do tempo e do clima.

Durante o evento “Do Apagão à Transição”, realizado pela MegaWhat nesta quarta-feira, 30 de junho, Altieri enfatizou a importância das térmicas brasileiras como um meio para cobrir a lacuna da instabilidade dinâmica do setor, acrescentando, ainda, que a Medida Provisória (MP) 1.031, aprovada semana passada pelo Congresso, está em linha com o desafio da interiorização do gás no país, representando uma alternativa ao problema logístico de livre acesso ao gás e seu financiamento.

Além de Altieri, também estavam presentes no evento a gerente-geral de Trading e Comercial da Eneva, Camila Schoti, e o diretor de Operação em Furnas, Francisco Arteiro, que também destacaram a necessidade e importância das térmicas no Brasil.

Para Schoti, a principal questão para a transição energética atual é “o desafio de equilibrar os três pontos do tripé formado por segurança, custo e impacto socioambiental”, que podem ser mitigados, respectivamente, pela monetização do gás do interior do país por meio das térmicas (“bocas de poço”), pelo aumento de competitividade e pelo desenvolvimento de novas tecnologias no setor.

Os três painelistas também falaram sobre a importância de se manter esse tripé e operar a transição energética de forma a levar em conta a estabilidade do sistema que, apesar do crescimento constante da participação de eólicas e solares, ainda precisa da segurança das térmicas, cujos parques devem ser modernizados para maior eficiência e menor impacto socioambiental.

Com relação à inflexibilidade das térmicas, Arteiro afirma que uma usina 100% flexível implicaria custos muito elevados e que a “inflexibilidade não é exatamente ruim em vista das intermitências das energias eólica e solar”. O fundamental, para o especialista, é a melhora das redes de transmissão para garantir uma estabilidade no fornecimento, uma vez que o sistema elétrico brasileiro é interligado.


Saiba tudo sobre o evento "Do Apagão à Transição" pelo link https://eventos.megawhat.energy/apagao-a-transicao-2021-new