CMSE aprova mudanças em metodologia para determinar acionamento de térmicas

Rodrigo Polito

Autor

Rodrigo Polito

Publicado

04/Fev/2021 13:03 BRT

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne as principais autoridades do mercado de energia do país, aprovou modificações na metodologia utilizada para determinar o acionamento de termelétricas fora da ordem de mérito. Na prática, a medida, deliberada em reunião do colegiado na última quarta-feira, 3 de fevereiro, prevê a utilização de curvas de referência a fim de assegurar um armazenamento mínimo estipulado para os reservatórios de cada subsistema de energia em um período de dois anos.

Com relação ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, por exemplo, foi estipulado um armazenamento mínimo de 20% no final do segundo ano, que, neste caso inicial, será novembro de 2022. A partir daí foram geradas três curvas de referência, cada uma associada a uma premissa de geração termelétrica, independentemente se será fora da ordem de mérito, ou não.

Para os demais subsistemas, os volumes mínimos de armazenamento nos reservatórios foram fixados em 30% para o Sul; 23,5% para o Nordeste; e 20,8% para o Norte. Nesses casos, foi gerada uma única curva de referência por subsistema.

De acordo com nota publicada pelo Ministério de Minas e Energia, a opção de manter uma curva bianual foi motivada por se buscar condições de armazenamento que garantam o suprimento adequado num horizonte maior, havendo o acoplamento entre os meses iniciais e finais da curva para o ano subsequente. Em relação ao cenário hidrológico de referência, foram utilizadas as médias mensais de vazões do biênio mais crítico do histórico, em 2019-2020.

Segundo fontes ouvidas pela MegaWhat, as curvas têm caráter referencial e não determinativo. O objetivo prático é dar mais subsídios ao CMSE para tomar decisões relativas ao despacho termelétrico e mais transparência aos agentes do setor elétrico.

Nesse sentido, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pela proposta apresentada ao CMSE, ficou incumbido de elaborar nota técnica sobre a metodologia aprovada ontem e disponibilizá-la aos agentes do setor.

O MME destacou que o CMSE continuará monitorando, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do país, adotando as medidas para a garantia do suprimento.

Na reunião de ontem, os integrantes do colegiado também ressaltaram que os reservatórios hidrelétricos do Sudeste/Centro-Oeste finalizaram o mês de janeiro com nível de armazenamento médio de 23,2%, o menor valor desde 2015. O CMSE lembrou que esse indicador reflete, dentre outros fatores, as afluências verificadas nos últimos meses, que se configuraram nos piores montantes para o trimestre de novembro a janeiro do Sistema Interligado Nacional (SIN), em 91 anos de histórico.

Para o fim de fevereiro, o CMSE prevê nível de armazenamento de 28,7% nos reservatórios do Sudeste/Centro-oeste, no fim de fevereiro. Para esta mesma data, é aguardado nível de estoque de 68,1% no Sul, 52,1% no Norte e de 40,4% no Nordeste.

Com relação às condições meteorológicas, foi destacada na reunião a perspectiva de aumento das precipitações em grande parte da área central do país, o que deve se refletir em aumento das chuvas em bacias relevantes, como no Grande e Paranaíba, na região Sudeste.