Petrobras deve vender participação restante na BR Distribuidora até julho

Rodrigo Polito

Autor

Rodrigo Polito

Publicado

14/Jun/2021 13:15 BRT

Categoria

Óleo e Gás

A BR Distribuidora deve realizar nos próximos meses uma oferta pública secundária de ações (follow on) em que a Petrobras pretende vender sua participação remanescente de 37,5% no capital da distribuidora de combustíveis. A operação pode render R$ 11,5 bilhões à estatal, considerando o preço das ações da BR Distribuidora no pregão da última sexta-feira, 11 de junho.

A MegaWhat apurou que a petroleira pretende se desfazer da participação na BR Distribuidora entre junho e julho. A ideia, segundo uma fonte a par do assunto, seria aproveitar a valorização do papel da companhia na B3 e realizar o negócio antes da oferta pública inicial de ações (IPO) da concorrente Raízen, joint venture entre a Cosan e a Shell.

No início deste mês, a Raízen protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o pedido de registro de IPO. A operação pode levantar até R$ 13 bilhões.

A venda da participação remanescente na BR Distribuidora foi aprovada pelo conselho de administração da Petrobras em agosto de 2020. O valor da ação da companhia hoje é 36% maior do que o observado naquela data.

Em comunicado divulgado na última sexta-feira, a Petrobras afirmou que o follow on não tem data definida e que sua realização estará sujeita, entre outros fatores, às condições de mercado, à aprovação dos órgãos internos da petroleira e à análise da CVM.

Búzios

A Petrobras também assinou na última sexta-feira o acordo de coparticipação no campo gigante de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, com a Pré-sal Petróleo (PPSA) e as chinesas CNODC e CNOOC. O acordo envolve o contrato de cessão onerosa da Petrobras e o contrato de partilha de produção arrematado pela estatal brasileira e as duas chinesas em leilão realizado em 2019.

O valor da compensação total devido ao contrato de cessão onerosa (100% Petrobras) pelo contrato de partilha de produção é de US$ 29,4 bilhões, que será recuperado como custo em óleo pelos contratados. Como a Petrobras possui 90% do consórcio do contrato de partilha, o valor referente à participação de 10% dos parceiros CNOOC e CNODC, no valor de US$ 2,94 bilhões, será recebido à vista pela Petrobras na data de início de vigência do acordo.

Com o início de vigência do acordo, a participação em Búzios passará a ser de 92,666% da Petrobras e de 3,667% de cada um dos dois parceiros chineses.

De acordo com o BTG Pactual, com as duas operações - a venda de 37,5% da BR Distribuidora e o acordo relativo ao campo de Búzios -, a Petrobras ficará mais próxima de sua meta de alcançar US$ 60 bilhões de dívida bruta até o fim do ano. Com base em números do primeiro trimestre, a casa de análise estima que as duas operações possam fazer com que a petroleira alcance dívida líquida de US$ 43 bilhões no fim deste ano, Esse cenário, explicou o BTG Pactual, sugere que a companhia possa realizar pagamentos de dividendos mais fortes já no período dos próximos seis a 12 meses.


* Reportagem atualizada às 10h29

(Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)