Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)

O que é: é o resultado de um processo de liquefação de onde são extraídos dois hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio) leves, em uma mistura específica. Estes dois hidrocarbonetos são o propano e o butano, que passam por processo de compressão e transformação de gás em líquido fácil e de baixo custo. Quimicamente, o GLP é uma mistura de gases condensáveis – que podem passar ao estado líquido – e que estão presentes em pequenas quantidades no gás natural ou dissolvidos no petróleo, este último a sua principal fonte de obtenção.

Como funciona: a produção de GLP ocorre normalmente em uma refinaria de petróleo, onde os hidrocarbonetos propano e butano são obtidos a partir do processo de destilação fracionada do petróleo a uma das temperaturas mais baixas da coluna destilação.

Atingida a mistura adequada na produção do GLP, este é envasado em cilindros (botijões), mantido na forma líquida sob alta pressão, para facilitar o transporte, ou comercializado a granel. O estado físico líquido é mantido com a pressão a que as moléculas são submetidas no processo de compressão, em torno de seis a oito atmosferas.

Histórico: o GLP foi identificado pela primeira vez como um componente significativo do petróleo em 1910 por Walter O. Snelling, um químico e especialista em explosivos do Departamento de Minas dos EUA. Snelling um dia em seu laboratório encheu uma jarra de vidro com gasolina e deixou em repouso. Na volta ao laboratório, percebeu que os vapores que se formavam no jarro fazendo com que a rolha fosse arrancada pela pressão interna. O químico então descobriu que uma grande parte da gasolina líquida era composta de GLP, formado principalmente propano e butano, além de quantidades menores de outros hidrocarbonetos.

Dois anos depois, em 1912, Snelling iniciou sua primeira instalação doméstica de propano e, em 1913, patenteou a produção de propano em escala industrial. Mais tarde naquele ano, a patente foi comprada por Frank Philips, o fundador da companhia de petróleo ConocoPhilips. Mesmo assim, o consumo de GLP tardaria a crescer significativamente.

O uso prático do GLP data de 1918, quando o combustível foi utilizado em maçaricos de corte de metal. Em 1928, o GLP foi usado pela primeira vez como combustível de motor (em um caminhão) e o primeiro refrigerador de GLP foi fabricado. Em 1929, o nível de vendas do combustível era de cerca de 45 milhões de litros nos EUA. Em 1932, foi usado para cozinhar e aquecer a água durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles. A indústria de propano-butano estava se fortalecendo a cada ano e conseguiu produzir e vender cerca de 250 milhões de litros de GLP em 1934.

No final da década de 1930, o empreendedor Ernesto Igel teve a ideia de promover o gás como excelente combustível para cozinhar, com grande sucesso Foi assim que surgiu a empresa brasileira mais tarde conhecida como Ultragaz. Em 1939, a empresa tinha três caminhões de distribuição e 166 clientes. Onze anos depois, em 1950, havia mais de 70 mil clientes e hoje a Ultragaz é uma das maiores distribuidoras de GLP do mundo.

Os contratos iniciais de exportação de GLP não foram feitos até a década de 1950. Mesmo assim, durante os anos 1960, a quantidade de GLP exportado ainda era baixa – menos de 1 milhão de toneladas foram embarcadas nos EUA. Mas isso era apenas o início da globalização do uso do GLP e de grandes negócios desta indústria. Nos 20 anos seguintes, a exportação cresceu para 17 milhões de toneladas do produto, atingindo 48 milhões de toneladas ainda no ano 2000.

É bom saber também: para a armazenagem do GLP são utilizados normalmente recipientes de aço de variadas capacidades volumétricas e formatos; o formato mais comum é o de 13 quilos (botijão P13), para uso residencial. O transporte a granel tem como consumidor final o setor industrial.

O modelo nacional para o mercado de GLP está estabelecido em duas partes: no início da cadeia, a Petrobras é a principal supridora, seja por produção em refinarias ou importação. Na segunda parte da cadeia, está regulada a livre concorrência de distribuidores (cerca de 20) e revendedores (cerca de 70 mil), estes vendem ao consumidor residencial os botijões de 13 kg (P13), alcançando mais de 5,5 mil municípios (66 milhões de domicílios).