State Grid leva lote 1 em leilão de transmissão com deságio de 39,9%

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Camila Maia
Poliana Souto
Camila Maia e Poliana Souto

Publicado

15/Dez/2023 13:49 BRT

A chinesa State Grid arrematou o lote 1 no leilão de transmissão realizado nesta sexta-feira, 15 de dezembro, ao oferecer uma receita anual permitida (RAP) de R$ 1,936 bilhão, deságio de 39,9% em relação ao teto do edital, que era de R$ 3,2 bilhões.

Na abertura de propostas pelo lote 1, apenas a State Grid fez proposta unificada. Como havia outras duas proponentes habilitadas, a espanhola Cymi e o Consórcio Olympus XVI (composto por Alupar e Perfin), foram abertos os envelopes para os quatro sublotes. Caso as somatórias das menores propostas de cada sublote fosse inferior à proposta única, o lance único da State Grid seria desconsiderado.

Ainda assim, a somatória das quatro propostas foi de uma RAP de 2,038 bilhões, maior que a oferta única da State Grid.

Competição cruzada

Na disputa dos sublotes, a Cymi não fez lances. No sublote 1A, a State Grid ofertou deságio de 36%, e o Olympus XVI deu deságio zero. Nos sublotes sequentes, o Olympus XVI ofereceu deságios de, respectivamente, 42,01%, 25,03% e 25,04%, enquanto a State Grid oferceu deságios de 37,94%, 0% e 0%, respectivamente.

Depois de somadas as propostas dos sublotes e constatado que o valor era superior ao lote único, a State Grid foi declarada vencedora. 

Apenas o lote 1 representa R$ 18 bilhões em investimentos, divididos nos quatro sublotes. O prazo para construção será de 72 meses, dada a complexidade do ativo. 

Maior ativo do dia

O lote 1 contém o Bipolo Graça Aranha - Silvania, linhão de 1.468 km de extensão em corrente contínua (HVDC, na sigla em inglês), atravessando Maranhão, Tocantins e Goiás. A sua construção deve gerar 30.218 empregos.

O linhão em corrente contínua é essencial na solução estrutural para aumentar a capacidade da interligação entre os submercados Nordeste e Centro/Oeste, permitindo ampliar o escoamento das renováveis do Nordeste ao restante do país. Com isso, será viabilizado um incremento na geração renovável do país nos próximos anos.

Para aumentar a competitividade do certame, a Aneel vai ofereceu  lote 1 de forma integral ou dividido em quatro sublotes. 

O sublote 1A é o maior deles em termos de investimentos, estimados em R$ 12,124 bilhões, e envolve a construção de 45 km em linhas de 500 kV, além de subestações com 9.840 MVA de capacidade de transformação.

O sublote 1B, por sua vez, contém 1.468 km em linhas de transmissão de 800 kV conectando Graça Aranha a Silvânia, e envolve R$ 4,65 bilhões em investimentos.

O sublote 1C envolve uma subestação de 500 kV no Maranhão, objeto de R$ 676,3 milhões em investimentos, e o 1D tem outra subestação de 500 kV, em Goiás, com investimentos estimados em R$ 678,576 milhões.

No total, o leilão de hoje soma R$ 21,7 bilhões em investimentos. Os lotes envolvem a construção de empreendimentos nos estados Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. 


Os prazos de construção variam entre 60 e 72 meses, e a expectativa é de geração de 36,9 mil empregos. São 4.471 quilômetros em linhas de transmissão e seccionamentos e de 9.840 MVA em capacidade de transformação nas subestações.