Projetos de biometano e SAF devem ser materializar antes do hidrogênio no Brasil, defende BNDES

Poliana Souto

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Poliana Souto

Publicado

13/Mar/2024 11:01 BRT

Os projetos brasileiros de biometano e de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) devem ser materializados antes do hidrogênio verde, segundo Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com mapeamento apresentado pela instituição financeira em evento promovido pela Clean Energy Latin America (Cela) em São Paulo, o Brasil conta com cerca de US$ 10 bilhões em projetos voltados aos biocombustíveis nos próximos anos.

A principal aposta para o setor, na opinião da instituição, é o biometano, já que o segmento não depende de “grandes” incentivos e subsídios para escalar projetos e pode se beneficiar dos insumos sucroenergéticos e da agropecuária para sua produção.

“Esses projetos vão se materializar antes do hidrogênio verde. O biometano já é economicamente viável mesmo sem incentivo, porque temos muito insumo no país. Então, nós conseguimos produzir biometano competitivo e, além disso, podemos injetar ele na rede de gás natural, sem precisar de grandes subsídios ou incentivos”, disse Costa.

Além do biometano, que soma mais de R$ 600 milhões de investimentos através do BNDES, outra aposta é o SAF, apontado como principal instrumento de descarbonização do setor de aviação. Contudo, a diretora acredita que os Estados Unidos podem “sair na frente” do Brasil, já que tem maior disponibilidade de incentivos.

Por outro lado, o hidrogênio verde, visto como uma solução para descarbonização de setores difíceis, como siderúrgico, depende ainda de mecanismos para reduzir o custo total de produção, mesmo com uma matriz energética majoritariamente renovável. Para iniciar a construção de hubs de hidrogênio verde no Brasil, Costa acredita na atuação do banco de fomento e do Banco Mundial (por meio do Bird, o braço da instituição voltado ao fomento em países de renda média) como “indutores” do segmento no país, até que o setor privado ajude a escalar os projetos.

“Quem vai financiar a construção dos grandes hubs de hidrogênio verde no Brasil? Será o Banco Mundial com o BNDES. Esse tipo de investimento envolve riscos e, para escalar, inicialmente, precisará de dinheiro de fomento. Depois que escalar o vai mercado resolver. Isso já aconteceu no setor de transmissão e na nossa matriz energética, que alcançou 200 GW, sendo que o BNDES financiou 79 GW do volume. Então, é muito importante o apoio de um banco de fomento nessa transição, porque há riscos e incertezas”, afirmou.

Em dezembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Mundial celebraram acordo direcionado ao financiamento de soluções de hidrogênio de baixo carbono no Brasil, com potencial de beneficiar toda a cadeia produtiva. As instituições estudam linha de crédito de até US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) com o propósito de criar um fundo de riscos para apoio a esses projetos.

>> Meta do país é viabilizar de dois a três grandes projetos de hidrogênio até 2030, conta Barral.

Além disso, a diretora destacou que, mesmo com uma matriz energética majoritariamente limpa, o Brasil ainda precisará de mecanismos para reduzir o custo de produção do hidrogênio.