Geração

Hidrogênio de baixo carbono já é uma realidade nas usinas de Angra

A produção do hidrogênio no Brasil não é uma novidade, pelo menos, para a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, complexo que abrange as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 e, futuramente, de Angra 3. As usinas em operação, que somam 1,9 GW de potência instalada, produzem hidrogênio há 25 anos, mas em pequena escala. Dados da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) apontam que o hidrogênio produzido na central poderia propiciar o abastecimento de 80 carros por dia.

Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra 1), situada no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.
Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra 1), situada no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.

A produção do hidrogênio no Brasil não é uma novidade, pelo menos, para a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, complexo que abrange as usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 e, futuramente, de Angra 3. As usinas em operação, que somam 1,9 GW de potência instalada, produzem hidrogênio há 25 anos, mas em pequena escala.

Dados da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) apontam que o hidrogênio produzido na central poderia propiciar o abastecimento de 80 carros por dia.

“O hidrogênio é fundamental, mas ele tem que ser de baixo carbono, e, quando falamos disso, estamos falando não apenas do hidrogênio produzido por fontes renováveis, mas também pela energia nuclear e pelas tecnologias de captura de carbono. Hoje, já temos aqui no Brasil, em pequena escala, projetos que usam energia nuclear em sua produção”, disse Leonam Guimarães, diretor-técnico da Associação Brasileira para Desenvolvimento Atividade Nucleares (Abdan), em entrevista à MegaWhat.  

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Apesar da produção e do interesse, Leonam acredita que a produção do hidrogênio ainda não é viável no Brasil, visto que a tecnologia precisa evoluir e ganhar escala para que um mercado seja estabelecido.  

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 Nesse sentido, o executivo defende que o uso da energia nuclear vá além da produção do hidrogênio, e que possa ser usada de forma complementar no Brasil. 

 “O portfólio de fontes no sistema elétrico exige uma grande complementariedade. Um sistema interligado como o nosso envolve a contribuição de diversas fontes, cada um com suas características, garantindo a modicidade tarifária e a segurança energética para o consumidor final”, destaca.  

 O parque nuclear brasileiro é responsável, atualmente, por 2,3% de toda energia consumida no país. Para desempenhar um papel relevante na descarbonização, em colaboração com outras fontes, Guimarães defende a expansão deste parque. 

 “A expansão é prevista pelo Plano Nacional de Energia 2050, que considera o crescimento de 8 GW a 10 GW nucleares adicionais. Lembrando que hoje nossa capacidade é de 2 GW, com Angra 3 entrando em operação essa capacidade sobe para 3,5 GW”, diz. 

De acordo com Leonam Guimarães, uma quarta usina nuclear brasileira está em desenvolvimento, em processo de análise do local para sua instalação. 

Nucleares no mundo 

Recentemente, a Câmara dos Deputados da Itália aprovou uma moção que autoriza a “reabertura” do país para a geração de energia nuclear, que poderá ser considerada como renovável e contribuir com as metas de net zero do país até 2050.  

Na avaliação de Guimarães, essa reabertura se faz necessário para alcançar as metas climáticas dos países, já que a fonte nuclear pode ajudar nas limitações das fontes renováveis.  

A energia nuclear será fundamental na descarbonização e sem uma expansão, a descarbonização é uma miragem que não vai se possível alcançar”, afirma o diretor-técnico da Abdan. 

Em fevereiro, 11 estados-membros da União Europeia concordaram em promover uma cooperação mais estreita entre seus setores nucleares, a fim de garantir o abastecimento das regiões e explorar programas conjuntos de treinamento e projetos industriais.  

Atualmente, a França é o país europeu com maior número de centrais de energia nuclear, e está prestes a aprovar uma lei para acelerar a construção de novos reatores.  

Já o governo alemão encerrou as operações das últimas três usinas nucleares no país em abril.  

“ A Alemanha é um país anti-nuclear por excelência, mas as dificuldades que eles têm passado com o gás desde o início da guerra na ucrânia demonstrou que o abandono das nucleares não é uma boa política do ponto de vista de descarbonização”, conclui. 

Reeleito

Leonam Guimarães foi eleito, pela oitava vez, membro do grupo consultivo sobre energia nuclear (Sagne) da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Seu mandato tem duração de três anos e é seu oitavo.  

“Ao longo dos anos, tive o prazer de contribuir para as atividades da AIEA e para o desenvolvimento da energia nuclear sustentável. Estou comprometido em continuar oferecendo meu conhecimento e experiência para auxiliar nas tomadas de decisão do grupo e promover avanços significativos na área”, afirma.

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