O primeiro leilão de energia do governo de Jair Bolsonaro acontece hoje (31/05), às 10h, marcando a estreia de um novo modelo de contratação, informa o jornal Valor Econômico, que tem acompanhado o tema em suas últimas edições.
A reportagem explica que, com o objetivo de atender o consumo de energia em Roraima, único estado não interligado com o restante do país, o certame vai contratar potência como um produto separado pela primeira vez. Outra inovação é que será possível adquirir soluções de suprimento de várias fontes combinadas, inclusive com baterias para armazenamento de energia.
A expectativa, ressalta o Valor, é que projetos a gás natural sejam o destaque do certame, mas também se espera a contratação de projetos de biocombustível associados a parques solares, principalmente nos pontos de conexão de menor carga. Por não ser interligado ao sistema, Roraima depende hoje de energia gerada por termelétricas caras, cujos contratos estão próximo de acabar.
Segundo Sandoval Feitosa, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são necessários mais de 80 caminhões fazendo diariamente o caminho entre Manaus e Boa Vista para o transporte de óleo combustível. Até o ano passado, havia importação de energia da Venezuela, mas as complicações políticas e econômicas do país resultaram na suspensão do envio, agravando ainda mais a qualidade da oferta de energia elétrica.
CCEE busca alternativa aos contratos de reserva
O jornal Valor Econômico informa que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) está estudando uma alternativa para acabar com os contratos de energia de reserva que envolvem a transformação gradual deles em energia com lastro, de forma semelhante aos contratos dos projetos de Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), disse Rui Altieri, presidente do conselho da câmara.
A afirmação de Altieri foi feita durante sua participação no congresso Brazil Wind Power e Energy Solutions, realizado em São Paulo A mudança incluiria até o contrato de venda da usina nuclear de Angra 3, que teve o prazo de início de operação adiado para 2026.
A reportagem explica que os leilões de reserva foram feitos entre 2008 e 2016 sob o argumento de que a energia contratada iria compensar a redução natural da garantia física das hidrelétricas e aumentar a segurança do sistema. Por ser “de reserva”, ela não entra no portfólio das distribuidoras e não dá respaldo de contrato para cumprimento de atendimento da carga. Contudo, são fontes não despacháveis e provocam o deslocamento das hidrelétricas, agravando o problema do déficit de geração das hidrelétricas (GSF, na sigla em inglês), o que motiva a preocupação da CCEE.
PANORAMA DA MÍDIA
Reportagens e análises econômicas a respeito do resultado da economia brasileira nos três primeiros meses do ano são o destaque de hoje (31/05) nos principais jornais do país. As notícias são a queda de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB), a ‘quase recessão’ e a discussão sobre caminhos a seguir.
O encolhimento do PIB em 0,2% no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, confirmou a letargia da atividade econômica brasileira, que há mais de dois anos tenta sem sucesso engatar uma recuperação. Esse foi o primeiro recuo desde o fim de 2016. A queda forte do investimento no período, de 1,7%, não foi compensada pela ligeira alta, de 0,3%, no consumo das famílias. Combinados, esses dois componentes da demanda, com peso de cerca de 80% no PIB, recuaram pelo segundo trimestre consecutivo. No acumulado em quatro trimestres, o PIB aumentou apenas 0,9%. Chamou atenção o tombo de 6,3% da indústria extrativa, em função do colapso da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. (Valor Econômico)
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que a queda do PIB significa menos arrecadação e mais corte de gastos. Segundo ele, a frustração com o ritmo da economia já significa que a cada mês R$ 2 bilhões deixam de entrar nos cofres públicos. As agruras fiscais do país são a causa da crise econômica, mas ela também realimenta o rombo. Para sair desse círculo vicioso é preciso enfrentar irracionalidades. Ele deu dois exemplos. Um deles: o estado de Minas é dono até de vacas. O outro: dois terços dos funcionários públicos estaduais se aposentam em média com 49 anos. (Miriam Leitão/O Globo)
Embora o presidente Jair Bolsonaro não tenha comentado os dados divulgados nesta quinta-feira (30/05), o ministro Paulo Guedes reagiu ao resultado, anunciando que o governo estuda liberar recursos de fundos como FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para animar o consumo. (Folha de S. Paulo)
A atividade (econômica) continuou fraca em abril e em maio, desanimando empresários e consumidores e derrubando as previsões para este ano. Até o governo cortou sua previsão. Com a confirmação oficial do péssimo começo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre a liberação de dinheiro do PIS-Pasep e do FGTS. Um sinal, enfim, de um empurrãozinho nos negócios e no emprego? Nada disso, por enquanto. Só depois de aprovada a reforma da Previdência, disse o ministro. Se essas torneiras forem abertas “sem as mudanças fundamentais”, explicou, o resultado será um voo de galinha. E os vinte e tantos milhões de desocupados e marginalizados do mercado de empregos? (editorial / O Estado de S. Paulo)
Ele (ministro Paulo Guedes) defendeu que a reforma da Previdência é o primeiro passo e decisiva para “abrir os portões do crescimento”. Após isso, o governo pretende focar na reforma tributária e no pacto federativo, que “coloca estados e municípios em pé de novo”. “(Hoje) Estão todos quebrados. Nós vamos ajudar a desobstruir as finanças dos estados e municípios. Por outro lado, com a reforma tributária, nós vamos estimular o setor privado”, argumentou. (Correio Braziliense)