O jornal Valor Econômico publica hoje (23/08) uma série de reportagens sobre a possibilidade de desestatização da Petrobras. Com chamada na primeira página, o jornal informa que o cenário preferido por investidores e analistas para a privatização da empresa é o da pulverização do capital, em que a companhia passaria a ser privada, mas sem ter um controlador definido.
De acordo com a reportagem, o modelo de venda seria similar ao da Eletrobras, em que cada acionista poderia ter no máximo 10% das ações. A União ficaria com uma ação de classe especial (“golden share”), com direito a veto em questões estratégicas previamente definidas, como a mudança de sede. Segundo fontes ouvidas pelo jornal, a formação de uma empresa de capital diluído na Bolsa de Valores seria ideal para criar um ambiente de competição no setor.
Desestatização deve levar à revisão do marco legal
Na sequência de reportagens sobre a Petrobras publicadas hoje (23/08), o Valor Econômico ouviu de especialistas do setor, que foram entrevistados, que uma eventual privatização da empresa deve desencadear, nos próximos anos, uma discussão mais profunda, no Congresso, sobre a revisão do marco legal do setor de óleo e gás. Na avaliação desses especialistas, o fim do direito de preferência da estatal na aquisição de áreas do pré-sal e até mesmo do próprio regime de partilha pode ganhar força daqui para frente.
Para a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Energia Fernanda Delgado, o debate sobre a privatização da maior estatal do país, naturalmente, “abre o flanco” para a rediscussão do arcabouço regulatório do setor.
Petrobras pode acelerar venda de ativos
Nesta reportagem, dentro da sequência de matérias especiais da edição de hoje (23/08), o Valor Econômico analisa que a Petrobras deve seguir com o seu programa de desinvestimentos nos próximos anos, independentemente da intenção do governo de privatizar a companhia, segundo duas fontes da estatal ouvidas pelo jornal.
Na avaliação de analistas e investidores entrevistados, a perspectiva de privatização da holding pode ajudar, inclusive, a acelerar o plano de venda de ativos, uma vez que traça um cenário futuro mais favorável à competição entre participantes privados do segmento de óleo e gás. O entendimento, dentro da petroleira, é que a situação financeira da estatal e os compromissos assumidos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para venda de refinarias e ativos de gás natural a obrigam a manter seus esforços concentrados nos desinvestimentos.
Grupo brasileiro prevê refinaria de US$ 450 milhões em Sergipe
O jornal O Estado de S. Paulo informa que o Brasil pode ganhar uma nova refinaria em Sergipe, a brasileira Noxis Energy e o projeto ainda poderá ser replicado em mais três estados, provavelmente Espírito Santo, Maranhão e Amapá.
Segundo um dos líderes do empreendimento, Luiz Armando Vasconcelos, o projeto traz para o Brasil o conceito de mini refinarias de bunker (combustível de navios) com baixo teor de enxofre para exportação, que será de uso obrigatório a partir de janeiro. A Petrobras já produz o novo combustível e realizou a primeira entrega em julho.
Maior chance de Eletrobras vender ativos
O novo programa de venda de participações em sociedades de propósito específico (SPEs) da Eletrobras deve ter resultado melhor que a versão lançada no ano passado, de acordo com a opinião de especialistas ouvidos pelo Valor Econômico. O otimismo se deve à nova modelagem de venda de ativos da estatal, que permite ao investidor propor o preço que ele acha adequado para o ativo, ampliando a concorrência.
A reportagem explica que estão sendo ofertadas participações em 38 SPEs de geração de energia eólica e em uma SPE de transmissão de energia, divididas em seis lotes. A versão anterior do plano de venda de SPEs consistiu na realização de um leilão presencial, em que a Eletrobras estabeleceu um valor inicial pela venda dos lotes. Dos 18 lotes ofertados, que englobavam 71 participações em SPEs, apenas 11 foram negociados.
Segundo Thaís Prandini, diretora da consultoria Thymos Energia, no leilão do ano passado as regras eram mais restritivas e acabaram afastando alguns investidores, enquanto na nova versão os interessados terão mais liberdade para propor ofertas.
PANORAMA DA MÍDIA
A reação internacional ao desmatamento e às queimadas na Amazônia é a manchete de hoje (23/08) nos principais jornais do país. O Estado de S. Paulo informa que, após as críticas feitas pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português Antônio Guterres, o governo brasileiro reagiu e montou um gabinete de crise para conter a má repercussão internacional dos incêndios na floresta.
Macron convocou os países membros do G7, o grupo de nações mais ricas, para discutir o tema em uma cúpula que ocorre neste final de semana na França. O presidente Jair Bolsonaro rebateu, dizendo que a sugestão “evoca mentalidade descabida no século 21” e ressaltou que o governo já está tratando do “crime” que ocorre na área. O Correio Braziliense fala em “crise internacional” provocada pelas queimadas na Amazônia.
A Folha de S. Paulo informa que ”o presidente (Jair Bolsonaro) também republicou em suas redes sociais uma longa defesa em inglês, escrita pelo assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, na qual ele cita o histórico ambiental do país e um compromisso de combater o desmate ilegal.
Segundo análise da jornalista Míriam Leitão, do Globo, “se o presidente Jair Bolsonaro quiser encher o país de mentiras sobre o desmatamento ele pode atingir seu objetivo que é confundir parte da opinião pública interna, mas isso não muda dois fatos. Primeiro, o Brasil está perdendo parte do nosso precioso patrimônio natural por culpa da sua administração e a perda é irreversível. Segundo, o mundo está vendo as imagens e está ouvindo as declarações do presidente que tem uma visão obsoleta sobre o meio ambiente e a organização da sociedade.”
O Valor Econômico informa que “as queimadas na Amazônia e a acusação do presidente Jair Bolsonaro de que a culpa seria de Organizações Não Governamentais (ONGs) ocuparam manchetes de jornais e de televisões na Europa, reforçando a percepção negativa sobre o que ocorre no Brasil. Analistas corroboram o sentimento de que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que demorou 20 anos para ser concluído, poderá levar mais um bom tempo para um dia ser ratificado pelos europeus”.