Bancos de desenvolvimento e organismos multilaterais vêm criando programas de financiamento para a transição energética rumo a uma matriz limpa, em linha com a Agenda 2030 das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável. Este é um dos temas abordados hoje (24/09) pelo Valor Econômico, no suplemento especial sobre bancos de desenvolvimento.
De acordo com a reportagem, as carteiras dessas instituições aumentaram seus financiamentos a projetos de usinas eólica e solar. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), citado na matéria, é pioneiro no financiamento de projetos de energias renováveis no Brasil, com de cerca de R$ 36 bilhões aprovados nos últimos cinco anos. Apenas a carteira de geração solar reúne cinco operações aprovadas, com investimentos de R$ 2,8 bilhões e capacidade de quase 500 megawatts.
Criatividade para atender mercado livre
O crescimento da geração de energia voltada para o mercado livre – no qual o consumidor escolhe de quem comprar – está forçando as empresas a buscar soluções criativas para o financiamento dos empreendimentos, destaca o Valor Econômico. Grandes grupos como Engie, Neoenergia, Enel e CPFL, cada um com uma estratégia diferente, tentam viabilizar os recursos necessário para os projetos, na ausência das “facilidades” dos contratos de longo prazo com distribuidoras.
A reportagem explica que hoje, consumidores de menor demanda, como residenciais, só podem comprar energia das distribuidoras locais. O governo planeja reduzir gradualmente os limites para que todos possam escolher de quem comprar energia, como já é possível para empresas, indústrias e comércios de maior consumo de energia.
Outro ponto abordado pela matéria é a demanda das distribuidoras, que ainda patina, o que tem aumentado a procura de investidores por projetos de geração fora dos leilões regulados.
Projetos híbridos continuam atrativos
O Valor Econômico informa que os projetos “híbridos” entre mercados regulado e livre seguem uma alternativa buscada por investidores para desenvolver empreendimentos de geração de energia no país. O principal motivo para isso é que projetos contratados em leilões regulados, na qual as distribuidoras compram a energia, ainda têm prioridade na conexão à rede.
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Élbia Gannoum, entrevistada pela reportagem, como os preços nos leilões regulados têm sido muito baixos, os investidores estão disputando apenas a conexão à rede. Segundo ela, ao priorizarem os empreendimentos vendidos em leilões, as regras demonstram falta de isonomia entre os ambientes de contratação de energia.
“Essa distinção de tratamento pode levar um projeto de estágio avançado no mercado livre perder sua conexão para um projeto que ganhar um leilão futuro do regulado”, disse Élbia. É por isso que, mesmo com condições mais atrativas no mercado livre em termos de preços, os investidores ainda vendem parte da energia nos leilões, o que, devido à grande competição, acaba derrubando os preços.
Relator pode mudar de posição sobre política de conteúdo local no petróleo
A Folha de S. Paulo informa, na coluna Painel S.A., que a pedido do deputado Sérgio Souza (MDB-PR), uma audiência pública reunirá amanhã (25/09), na Câmara Federal, a indústria de máquina e a de petróleo, além de pesquisadores, para debater projeto de lei sobre conteúdo local na exploração e produção do recurso. Souza é relator da proposta que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na Comissão de Finanças e Tributos. Em parecer emitido em agosto, ele diz que a medida prejudica a arrecadação e pode adiar investimentos nas concessões. Segundo Souza, nada está decidido. O texto ainda pode mudar.
Privatização da Eletrobras não pode ser abandonada pelo Congresso
O jornal O Globo traz o tema da privatização da Eletrobras em um dos editoriais de hoje (24/09). Na opinião do jornal, nunca foi fácil privatizar estatal e as dificuldades aumentaram com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a venda do controle de empresas-mãe, aquelas que têm subsidiárias, só pode ser feita com aprovação do Legislativo. E o caso da Eletrobras.
O editorial enfatiza que a Eletrobras voltou a dar lucro depois dos ajustes feitos. “Por exemplo, a venda de seis distribuidoras deficitárias, no Norte e Nordeste, operação em que também houve resistência política. A atração de grupos privados é vital para o cumprimento dos programas de investimento necessários para sustentar o crescimento da economia que vem por aí. O Brasil não ficará para sempre estagnado, caso as reformas de fato prossigam.”
PANORAMA DA MÍDIA
“Brasil tem o menor juro real da história” – esta é a manchete de hoje (24/09) do Valor Econômico. De acordo com o jornal, o fenômeno ainda está restrito à taxa básica de juros (Selic), que é calibrada pelo Banco Central (BC), reflete o custo do dinheiro no país e, por essa razão, serve de referência para todo o mercado. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) baixou a taxa Selic para 5,5% ao ano, mais um recorde de baixa, e indicou pelo menos mais um corte, para 5%, até o fim do ano – grandes bancos apostam que 2019 terminará com Selic inferior a 5%.
Os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo destacam o encontro de líderes na Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O Estado destaca que na véspera do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, o Brasil ficou isolado do principal foro de discussão sobre meio ambiente, tema que tem causado desgaste para o governo brasileiro no exterior. Ontem, líderes internacionais, entre eles o presidente francês, Emmanuel Macron, debateram os rumos das florestas tropicais no mundo – incluindo a Amazônia, a maior delas – sem a presença de representantes do governo brasileiro.
Ainda sobre a Assembleia-Geral da ONU, a Folha informa que num momento marcado pelas cobranças de ações coordenadas contra a mudança climática, o Brasil surge na defensiva e busca amenizar a desconfiança internacional provocada por declarações recentes do presidente. O discurso de Bolsonaro na manhã desta terça-feira (24/09) – todos os anos, cabe ao líder brasileiro fazer a abertura dos debates – deve ser marcado por esforço em rebater críticas em relação à política ambiental do país, sob argumento de proteção da soberania nacional.
O destaque do jornal O Globo é a violência no Rio de Janeiro. A reportagem informa que o governador Wilson Witzel planeja divulgar uma cartilha que dará instruções a moradores de favelas de como agir durante operações policiais. O objetivo é reduzir os riscos de balas perdidas. Após o lançamento do material, previsto para este ano, Witzel promete “intensificar o confronto com criminosos”. Segundo o jornal, a ideia de criar a cartilha surgiu antes da morte de Ágatha Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, e não tem relação com o caso.