O Valor Econômico traz hoje (06/04) um suplemento – “Propostas para o recomeço” – com reportagens, entrevistas e análises sobre diversos temas no campo da economia, a energia elétrica entre eles.
Esta reportagem destaca o cenário em que o setor se encontra. Um cenário de crise maior que a do racionamento que perdurou de maio de 2001 a fevereiro de 2002. Há uma sobra de energia estimada neste ano em 12 GW, mesma potência da usina hidrelétrica de Itaipu. Há muitas incertezas sobre quando a economia e o crescimento do consumo serão retomados. Isso levará à postergação de leilões de contratação de geração e de linhas de transmissão e a uma discussão entre empresas para resolver os problemas financeiros do setor.
Outra incógnita é a agenda legislativa e a votação do projeto de lei que corrige o risco hidrológico (conhecido como GSF, na sigla em inglês), um passivo que envolve cerca de R$ 5 bilhões líquidos. O governo federal criou um comitê para debater a questão financeira do setor elétrico com associações e empresas. Um exemplo do risco que a inadimplência pode criar no setor de infraestrutura está no segmento de energia elétrica.
Retomada requer solução para obstáculos à infraestrutura
A retomada da economia dependerá da solução de alguns obstáculos existentes hoje no setor de infraestrutura, que tem uma carteira de mais de R$ 50 bilhões em projetos que poderiam ser licitados apenas neste ano pela União e pelos estados.
Um deles é o risco de inadimplência que ronda concessionárias de alguns segmentos, como o de energia elétrica. Este é outro tema abordado pelo suplemento “Propostas para o recomeço”, publicado hoje (06/04) pelo Valor Econômico.
De acordo com a análise do jornal, se a saúde das empresas se fragilizar, sobretudo a das concessionárias, o mercado de capitais e o sistema financeiro podem começar a acionar gatilhos para exigir antecipação de pagamento de dívidas, o que dificultaria financiamento de projetos existentes e futuros.
O outro obstáculo são as discussões que deverão envolver as modelagens dos futuros projetos que poderão ser licitados. A Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) pede coordenação eficiente do poder público para preservar o fluxo de receitas das concessionárias em um momento em que elas estão pressionadas pela redução significativa da demanda por diversos serviços.
Covid-19 e petróleo barato podem atrasar abertura do gás
O horizonte para o avanço da abertura do mercado brasileiro de gás natural neste ano ficou mais distante, por causa do efeito combinado da crise econômica desencadeada pela disseminação do novo coronavírus e a queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Pairam incerteza, tanto do lado dos ofertantes quanto dos consumidores.
A chamada pública para contratação de parte da capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), aberta pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no meio da crise econômica, foi suspensa e não há prazo para ser retomada neste momento. Segundo o gerente de gás da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Adrianno Lorenzon, a missão de conseguir fechar um contrato de importação de gás boliviano ainda neste ano, em meio à transição do governo do país vizinho, já seria difícil. Com a crise econômica atual, a situação piorou.
Fica desafiador para indústrias e distribuidoras definirem, no momento, o quanto vão consumir e, consequentemente, que capacidade pretendem contratar. A reportagem é do Valor Econômico.
PANORAMA DA MÍDIA
O jornal O Estado de S. Paulo informa que o governo federal aposta na compra direta, pelo Banco Central, das carteiras de crédito e títulos das empresas como forma de fazer com que recursos liberados cheguem efetivamente às mãos dos empresários.
No último sábado (04/04), o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou que os recursos liberados aos bancos para ampliar o crédito no país estão “empoçados no sistema financeiro”. Ou seja, mesmo com medidas de estímulo, como a redução do depósito compulsório (recursos que as instituições financeiras têm de manter no Banco Central), o dinheiro não está chegando a quem busca.
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Os primeiros indicadores de desempenho da economia brasileira em março já apontam a magnitude do impacto que a paralisação do comércio, dos serviços e da indústria pode ter na atividade, assim como o efeito da restrição à circulação de pessoas. Índices registram quedas recordes, no patamar de dois dígitos, e trazem os primeiros sinais da recessão. (Valor Econômico)
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Levantamento feito pelo jornal O Globo mostra que um mês após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no interior do país, 397 municípios fora as capitais e cidades das regiões metropolitanas já registram contaminação pelo covid-19.
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Pesquisa feita pelo Instituto Datafolha indica que o brasileiro quer manter o isolamento social nos moldes atuais para fazer frente ao coronavírus. Defendem essa visão 76% dos entrevistados pelo instituto entre os dias 1 e 3 de abril. Foram ouvidas 1.511 pessoas excepcionalmente por telefone, em razão da pandemia. (Folha de S. Paulo)