O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou ontem (19/04), em live organizada pelo Itaú BBA, que as operações de socorro para grandes empresas de setores afetados pelas medidas de contenção do coronavírus, como aéreo, automotivo, varejo não alimentício e setor elétrico, devem começar no próximo mês.
“As operações desses setores estão em curso. Pretendemos que, no mês de maio, várias dessas operações comecem a ser liquidadas. Estão em discussão outros setores, mas não deve passar de nove a dez setores. A ideia é ser bem concentrado para ser efetivo”, afirmou.
Sobre o pacote de R$ 55 bilhões em crédito já anunciado, ele lembrou que R$ 20 bilhões foram para o FGTS, para permitir o saque de mil reais por trabalhador. Os outros R$ 35 bilhões foram para o refinanciamento da carteira direta e indireta do BNDES. Nesse socorro, segundo Montezano, há entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões em processamento, 50% da potencial demanda. As informações são do jornal O Globo.
Conselho da AES Tietê rejeita oferta para ser incorporada à Eneva
O conselho de administração da AES Tietê decidiu, por unanimidade, ontem (19/04), rejeitar a proposta de combinação de negócios feita pela Eneva.
“Estamos rejeitando, em linhas gerais, por não ter nenhum ‘fit’ estratégico e porque as condições econômicofinanceiras não são benéficas para os acionistas da Tietê”, afirmou ao Valor Econômico Julian Nebreda, presidente do conselho da geradora. O executivo fez duras críticas à oferta que ele classifica como “hostil”, mas afirma que a Tietê está disposta a ouvir uma contraproposta se houver abertura para modificações na estrutura legal e nas condições financeiras do negócio – que, em sua visão, hoje, favorecem unicamente os acionistas da Eneva.
A reportagem explica que a oferta da Eneva, apresentada em 1º de março, antes da deterioração das condições de mercado por causa da pandemia da covid-19, envolve a incorporação da AES Tietê em uma combinação de ativos avaliada em R$ 6,6 bilhões – cerca de R$ 2,7 bilhões pagos em dinheiro, e o restante, em participação na nova empresa. Se consumada, a operação poderia criar uma das maiores geradoras de energia de capital privado predominantemente nacional, com capacidade instalada de 6,1 mil megawatts (MW) e faturamento anual de R$ 5 bilhões.
Engie alerta para risco de judicialização
O Valor Econômico ouviu o presidente da Engie no Brasil, Maurício Bähr, sobre temas relacionados ao setor, no cenário de pandemia de coronavírus no país.
Responsável por cerca de 7% do parque gerador de energia do país, o grupo francês Engie acompanha de perto a solução em estudo pelo governo para socorrer as distribuidoras, que respondem por aproximadamente 40% da energia fornecida pela companhia.
Ao mesmo tempo, a empresa se preocupa com o risco de consumidores livres recorrerem a liminares para não cumprir com seus contratos, ao invés de buscar uma solução negocial com a geradora. A maior preocupação para o grupo hoje é o surgimento de uma nova onda de judicialização no mercado, o que pode afetar de forma significativa os investimentos em curso no país.
“O que queremos é justamente garantir essa estabilidade regulatória. Vem a crise e o regulador e o poder Executivo fazem de uma maneira que as coisas sejam reequilibradas e entendam a gravidade da questão, a ponto de não afastar investimento”, afirmou o executivo.
De acordo com a reportagem, o sinal amarelo foi acesso nas últimas semanas, quando algumas distribuidoras notificaram geradores sobre potenciais impactos, classificando-os como evento de “força maior”, o que poderia afetar o cumprimento de obrigações contratuais.
Evoltz paga R$ 232 milhões por fatia da Eletrobras em linhão
A transmissora Evoltz adquiriu a fatia de 49,5% da Eletrobras na Manaus Transmissora de Energia (MTE), sociedade de propósito específico que detém a concessão de uma linha de transmissão no Norte do país.
Segundo informação do Valor Econômico, a compra custou R$ 232 milhões e ocorreu no âmbito de um processo competitivo instaurado pela Eletrobras no ano passado para a alienação de participações societárias não arrematadas em um leilão anterior.
A transação ainda precisa passar pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Depois de aprovada, a Evoltz será controladora integral da linha, que tem 558 quilômetros de extensão e atravessa 12 municípios do Pará e Amazonas. De acordo com o CEO da Evoltz, João Nogueira Batista, a aquisição se encaixa na estratégia da empresa de se tornar um agente relevante no segmento de transmissão de energia.
PANORAMA DA MÍDIA
A participação do presidente Jair Bolsonaro, em ato realizado ontem (19/04), em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, foi criticado por parlamentares, governadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O ato pedia intervenção militar no país e a volta de instrumentos de exceção, como o Ato Institucional nº 5 (AI-5).
Durante o ato público, que não respeitou a orientação para evitar aglomerações que possam acelerar a contaminação pelo coronavírus, manifestantes gritavam palavras de ordem contra o STF e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Esse é o destaque de hoje (20/04) nos principais jornais do país. (O Globo, Valor Econômico, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo)
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O Ministério da Saúde organiza a realização de testes e a coleta de dados, que poderão servir para balizar uma tomada de decisão a respeito da volta às atividades econômicas. Em paralelo, pelo menos sete estados já traçam planos para reduzir, ao poucos, as medidas de distanciamento social.
Segundo informações do jornal O Globo, o Ministério da Saúde trabalha em três frentes para melhorar o rastreamento da contaminação em todo o país e auxiliar na construção de um plano sobre as medidas de mobilidade social.
A primeira pesquisa em andamento é um estudo nacional coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e realizado com apoio do instituto Ibope, que vai entrevistar e realizar testes rápidos de detecção de anticorpos de Covid-19 em quase 100 mil pessoas de todos os estados do país, além do Distrito Federal.
Outra modalidade de pesquisa será feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua com foco no monitoramento da Covid-19. Pesquisadores do instituto irão entrevistar 200 mil pessoas ao longo de três meses, por telefone.
Em entrevista ao Globo, o secretário da Atenção Primária à Saúde do ministério, Erno Harzheim, afirmou que o ideal é que as medidas de isolamento social sejam mantidas pelo menos até o fim de abril, quando uma parte dos dados estará pronta.