A pandemia de covid-19 colocou na agenda econômica de diversos países, o Brasil entre eles, discussões sobre como reduzir a dependência de produtos chineses. Analistas ouvidos pelo Correio Braziliense reconhecem que será difícil para o Brasil ser competitivo quando tudo voltar à normalidade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê retração de 3% na economia global e de 5,3% na do Brasil. E, no centro dessa crise, está a China, que foi a origem da pandemia da covid-19, destaca a reportagem. A dependência das economias pelos produtos chineses ficou mais evidente e as discussões sobre uma reindustrialização para que os países sejam menos dependentes da China ganharam força também em outros países, os Estados Unidos entre eles.
A China é o maior exportador do mundo, respondendo por R$ 2,5 trilhões ou 16,2% dos embarques internacionais globais, de acordo com dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Quando o país asiático fechou as fronteiras para estrangeiros em janeiro deste ano devido à covid-19, fábricas em vários países começaram a interromper a produção devido à falta de componentes chineses, como as de eletroeletrônicos e de automóveis.
Analistas entrevistados pelo jornal admitem que as mudanças pós-pandemia podem ser grandes em vários aspectos, mas eles têm dúvidas se haverá chances de o Brasil recuperar o espaço perdido pela indústria nacional dentro e fora do país. Agora, com a China começando a se recuperar, as apostas são que ela continuará tendo predominância no cenário global, dificultando qualquer processo de reindustrialização doméstica, principalmente, no Brasil.
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria da indústria que está instalada no Brasil é estrangeira. Além disso, o elevado custo da energia local faz com que a competição do país com produtos manufaturados fique inviável no cenário externo. “Aqui, a produção de energia é barata, mas os custos da distribuição são absurdamente elevados, principalmente, devido ao grande número de contribuições e impostos embutidos na conta para o consumidor”, afirma.
PANORAMA DA MÍDIA
O ministro da Economia, Paulo Guedes, entrou em atrito com colegas na Esplanada e expôs sua contrariedade com o plano econômico anunciado na semana passada para o período pós-pandemia do coronavírus, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. O ponto de atrito, segundo a reportagem, é a insistência do ministro no discurso de manutenção da sua política de ajuste fiscal.
O Plano Pró-Brasil, anunciado na semana passada, está baseado em obras e investimentos com dinheiro público, para recuperar o país na fase pós-pandemia. Essa proposta contaria com o apoio de parlamentares do centrão, bloco informal do Congresso que defende o aumento dos gastos públicos, na contramão da política econômica de Paulo Guedes.
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O jornal O Globo informa que o presidente Jair Bolsonaro decidiu adiar a escolha do novo ministro da Justiça e deve ouvir juristas para o cargo. Até sexta-feira (24/04), Bolsonaro estava decidido a deslocar o ministro Jorge Oliveira, da Secretaria Geral da Presidência, para a pasta.
Porém, segundo a reportagem, o próprio Jorge Oliveira tem relatado desconforto em assumir a pasta depois das acusações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, de que o presidente tentava interferir em investigações da Polícia Federal (PF). O Globo destaca, ainda, que Oliveira é um dos principais conselheiros de Bolsonaro e tem argumentado que a melhor alternativa para o governo seria uma “indicação técnica” para a Justiça.
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A Folha de S. Paulo traz hoje (26/04) uma reportagem sobre inquérito sigiloso conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar a origem de notícias falsas e ataques contra ministros da Corte. De acordo com a reportagem, a Polícia Federal (PF) identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, como um dos articuladores do esquema de fake news.
Ainda segundo a Folha, na Polícia Federal não há dúvidas de que Bolsonaro quis exonerar o ex-diretor da PF, Maurício Valeixo, homem de confiança do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, porque tinha ciência de que a corporação havia chegado ao seu filho.
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O Valor Econômico, que não circula na versão impressa em fins de semana, traz como destaque em seu portal de notícias o cancelamento, pela Boeing, do acordo comercial para a fusão de negócios com a Embraer. O acordo entre as duas empresas previa o pagamento, pela Boeing, de US$ 4,2 bilhões por 80% da unidade de aviação comercial da companhia brasileira.
Em comunicado divulgado ontem (25/04) pela manhã, a Boeing informou que rescindiu o contrato resultante das tratativas que se desenrolavam desde o fim de 2017, que resultariam na constituição de uma joint venture controlada pela companhia americana na área de aviação comercial e outra na área de defesa, para promoção do cargueiro militar KC-390 (rebatizado para C-390 Millenium) com participação majoritária da Embraer. Conforme apuração do Valor, não há previsão de compensação financeira pela rescisão do contrato.