Nas últimas três décadas, o segmento de energia no Brasil assistiu a quatro grandes crises: o acerto de contas, em 1993, em que o Tesouro teve de injetar US$ 27 bilhões; o racionamento em 2001 e 2002; a crise de 2014 e 2015; e o momento atual, em que o ineditismo é marcado pela abrangência e pela incerteza.
Assim começa a reportagem de abertura da revista setorial encartada na edição de hoje (27/04) do Valor Econômico, para assinantes, cujo tema central é “Energia”. O foco é o risco de inadimplência dos clientes que, segundo a reportagem, levaria a um risco sistêmico, já que as distribuidoras coletam os recursos da conta de luz e dão oxigênio ao sistema.
A reportagem destaca que a queda do consumo e a paralisia da economia deixam em dúvida o impacto sobre o crescimento da demanda e a inadimplência das contas de luz. A reportagem analisa medidas que estariam em discussão para fazer frente à emergência do momento.
“No início de abril operamos com 86% da energia que se operava a três semanas”, afirma o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr. Já a consultoria RegE Barros Correia Advisors analisa que uma queda de 16% do consumo de energia elétrica pode significar diminuição de 29% do uso de energia no comércio e na indústria, o que representaria 7% a menos na receita tarifária das distribuidoras e 35% no faturamento dos serviços de distribuição. “No racionamento de energia (crise de 2001-2002), demoraram 10 anos para se recuperar a curva de consumo”, observa o presidente da Energisa, Ricardo Botelho.
Momento requer medidas de apoio
A Carta ao Leitor da revista setorial do Valor Econômico, cujo tema central é Energia, defende que o momento requer medidas de apoio ao setor elétrico. “Os efeitos devastadores do coronavirus atingiram toda a cadeia produtiva do setor elétrico em um momento de mudanças regulatórias. A paralisação de projetos em tramitação deve pressionar ainda mais o custo do setor elétrico, com reflexo imediato nas empresas de distribuição.”
De acordo com a análise da revista, “o cenário dos próximos meses será o direcionador do que ocorrerá nesta década, que deve configurar uma mudança do padrão de consumo, alta das contas de luz no mercado regulado, possibilidade de criação de novos encargos e subsídios e extensão dos prazos de concessão de distribuição.”
Com mais de 80 páginas, a revista traz reportagens sobre os principais temas de interesse do setor, tanto de energia elétrica, como de petróleo e gás. Entre as reportagens voltadas ao setor de energia elétrica, destacam-se a análise de conjuntura, financiamento, legislação, risco hidrológico, a autoprodução no setor de energia solar, o impacto da alta do dólar no setor de geração distribuída, os desafios do setor de distribuição, transmissão, a espera de nova regulação do mercado livre de energia, o setor hidrelétrico e as oportunidades de ganhar sobrevida.
Em petróleo e gás, as pautas focam a falta de clima para os leilões no segmento de petróleo, a preparação para o mercado aberto de gás, os desafios para o setor de etanol e biomassa. Há, também, uma reportagem sobre o segmento de energia nuclear e outra sobre tecnologia e inovação.
Acabar com subsídios em tempos de crise
O jornal O Globo traz hoje (27/04) um artigo assinado por Claudio Sales e Eduardo Müller Monteiro, presidente e diretor executivo do Instituto Acende Brasil, em que defendem a necessidade de redução dos subsídios para a geração distribuída, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo os autores, os investidores do setor foram beneficiados durante anos, por subsídios bancados pela conta de luz do conjunto de consumidores do país. Eles argumentam que “os subsídios para a geração distribuída, que já eram injustificáveis antes da crise, tornaram-se uma afronta aos demais consumidores em tempos de covid-19”.
Petrobras reduz importação de gás natural da Bolívia
A Petrobras declarou motivo de força maior para reduzir as importações de gás boliviano para volumes abaixo dos compromissos mínimos assumidos em contrato, informa o Valor Econômico.
De acordo com a reportagem, em decorrência da queda da demanda, a estatal brasileira tem descumprido também acordos para compra de gás de sócios e recorrido a cortes nas compras de gás natural liquefeito (GNL). Por outro lado, a empresa se esforça para preservar a produção do pré-sal, cujos campos são mais competitivos para enfrentar a atual crise do setor.
Em março, Petrobras e a boliviana YPFB fecharam um aditivo para extensão do contrato de importação de gás do país vizinho. A petroleira brasileira se comprometeu, na ocasião, a retirar entre 14 milhões e 20 milhões de metros cúbicos diários (m3 /dia), mas, segundo a YPFB, a Petrobras tem retirado cerca de 10 milhões de m3 /dia.
PANORAMA DA MÍDIA
A Embraer recorrerá à Justiça para ser recompensada pelos danos sofridos com a extinção do acordo comercial firmado com a Boeing, informa o Valor Econômico. A fabricante de aviões americana anunciou há dois dias o encerramento do contrato, que era negociado desde o fim de 2017, sob a alegação de que a Embraer deixou de cumprir certas pré-condições.
A companhia brasileira acusa a ex-futura sócia de produzir falsas alegações para evitar o pagamento de US$ 4,2 bilhões previsto na operação, em um momento de grave crise financeira e de reputação.
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O jornal O Estado de S. Paulo informa que o Ministério Público Federal (MPF) aponta interferência do presidente Jair Bolsonaro em atos de exclusividade do Exército, o que viola a Constituição. Procuradores abriram dois procedimentos de investigação para apurar uma ordem dada por Bolsonaro ao Comando Logístico do Exército (Colog), no último dia 17, que revoga três portarias publicadas entre março e abril sobre monitoramento de armas e munições.
Essas portarias estabeleciam o controle, rastreabilidade e identificação de armas e munições importadas e fabricadas pela indústria nacional, sob a finalidade de atividades esportivas, de colecionador e também para abastecer os quartéis. Na avaliação dos procuradores, ao revogá-las, o governo facilita o acesso do crime organizado a armas e munições desviadas. “A cidade do Rio de Janeiro é a face mais visível dessa ausência de efetivo controle no ingresso de armamento no país”, observou a procuradora regional da República Raquel Branquinho, em ofício obtido pela reportagem.
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O jornal O Globo destaca que a perspectiva de indicação para o Ministério da Justiça e para a direção da Polícia Federal de pessoas com relações de amizade com a família do presidente Jair Bolsonaro provocou forte reação de policiais, do Legislativo e de setores da sociedade. A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou carta aberta a Bolsonaro com críticas às tentativas de interferência e alertando para uma “crise de confiança” e “instabilidade constante” nos trabalhos do novo diretor-geral.
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O principal destaque da edição desta segunda-feira (27/04) da Folha de S. Paulo é, também, a indicação de amigos da família do presidente Jair Bolsonaro para a chefia da Polícia Federal, em substituição a Maurício Valeixo, que deixou o cargo na semana passada.