Mercado energético

Revisão do Tratado de Itaipu pode causar subcontratação no ACR em 2024

Revisão do Tratado de Itaipu pode causar subcontratação no ACR em 2024

A redução na carga causada pela pandemia do coronavírus (covid-19) aumentou as sobras de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), mas uma possível alteração no volume de energia contratado da usina de Itaipu a partir de 2023 pode causar subcontratação de até 4% no balanço entre lastro e carga do ambiente de contratação cativo (ACR), de acordo com o Estudo Quadrimestral maio – outubro, publicado pela MegaWhat.

“Em 2024, como vai haver crescimento de carga no cativo, Itaipu é importante para definir se o mercado ficará subcontratado ou não”, explica João Barreto, analista setorial da MegaWhat Consultoria. A declaração foi feita durante apresentação do Estudo Quadrimestral na manhã dessa quarta-feira (3 de junho).

Em 2023, vence o Anexo C do tratado de Itaipu, que trata da comercialização da energia da usina. Os governos brasileiro e paraguaio vem rediscutindo o acordo desde então, uma vez que, hoje, a energia é dividida de formas iguais entre os dois países, mas o Brasil fica com uma fatia adicional, já que não há demanda suficiente no Paraguai. O país vizinho consome apenas 15% da energia total da hidrelétrica, que tem 14 GW de potência e 7,77 GW médios de garantia física, que é 100% considerada nos cálculos de lastro do balanço do ACR.

Fonte: Estudo Quadrimestral/MegaWhat

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Se a alocação do lastro de Itaipu for mantida no ACR, a carga será de 50 GW médios em 2023 com um lastro total de 53 GW médios, sobra de 3 GW médios. Em 2024, o lastro no ACR continuaria de 53 GW médios, para uma carga de 52 GW médios.

Se a redução de 50% do lastro de Itaipu se concretizar, em 2023 o lastro no ACR será de 51 GW médios, com sobra ainda de 1 GW médios. Para 2024, contudo, o lastro recua para 49 GW médios, enquanto a carga chega a 53 GW médios, uma subcontratação de 4 GW médios.

Segundo Barreto, a análise considera a recontratação no ACR de todas as usinas cujas concessões vencem nos próximos anos, exceto às termelétricas a diesel que serão descomissionadas quando seus contratos findarem entre 2023 e 2024. 

Mercado livre

Se no ACR a previsão é de subcontratação, a depender do destino da alocação do lastro de Itaipu, no ambiente de contratação livre (ACL) as sobras devem permanecer no horizonte dos próximos cinco anos.

“Há todos aqueles graus de incerteza quando falamos de carga, pode ser que varie e aumente muito se a economia se recuperar”, explica Barreto. Com base nos dados existentes e nas projeções atuais para economia e consumo, contudo, a previsão é de sobra de lastro no ACL.

Fonte: Estudo Quadrimestral/MegaWhat

Com a redução do consumo de energia causada pela pandemia, os mecanismos de descontratação, como MCSD e MVE, acabam transferindo mais energia das distribuidoras para o ACL, o que aumenta as sobras nesse ambiente de contratação, segundo Barreto. 

Para 2020, o Estudo Quadrimestral da MegaWhat prevê carga de 19 GW médios no ACL, contra uma oferta de lastro de 33 GW médios, sobra de 13 GW médios. Até 2024, as sobras continuam em 13 GW médios.

Saiba mais e assista na íntegra: MegaWebinar – O mercado de energia nos próximos meses

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