A demanda por combustíveis e derivados de petróleo no Brasil sofreu queda brusca nos últimos meses por conta dos efeitos da pandemia do covid-19 e estudos indicam que a recuperação gradual deste mercado vai continuar pelos próximos anos e pode não se concretizar até 2022.
Os cenários foram apresentados por Heloisa Esteves, diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), durante webinar realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Com exceção do GLP, a demanda por todos os demais combustíveis no país caiu em abril em relação ao mesmo período do ano passado. No estudo, a EPE considerou um cenário mais otimista (retorno acelerado das atividades produtivas e mobilidade ao longo do ano), intermediário (aumento progressivo da atividade no segundo semestre) e pessimista (retomada lenta e gradativa, sob grau elevado de incerteza).
Para o óleo diesel, cuja demanda em abril caiu 14%, os cenários mais otimistas indicam recuperação ao patamar de 2019 já ao final deste ano. Os mais pessimistas indicam que a recuperação se concretizará apenas no fim de 2022.
As trajetórias para combustíveis ciclo otto (gasolina e etanol) indicam um futuro mais adverso. O cenário mais otimista da EPE indica recuperação da demanda no início de 2022. Os mais pessimistas não chegam a prever retomada do consumo, já que o estudo para neste ano.
Para gasolina, cuja demanda caiu 29% em abril, a realidade deve ser pior, uma vez que não se observa recuperação nas vendas aos níveis de 2019 até o fim de 2022.
A projeção considera que a demanda nacional de etanol hidratado será menos impactada que a da gasolina C até 2022, por uma conjuntura dos preços internacionais do açúcar e competitividade do etanol no mercado interno. O estudo da EPE aponta que, no cenário mais otimista, a demanda por etanol se recuperará ao longo do segundo semestre deste ano. O cenário intermediário mostra retomada das vendas no início de 2022, enquanto o mais pessimista não incorpora recuperação até o fim de 2022.
Apesar das incertezas, a recuperação gradual da demanda e a transição para um mercado aberto, sem monopólio da Petrobras, indica que as perspectivas são positivas para o setor, segundo Marisa Barros, diretora do Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo do Ministério de Minas e Energia (MME), que também participou do webinar.
“Os sinais são de retomada, estamos preparando as condições de segurança jurídica e regulatória para o novo cenário, mas sem deixar de lado uma possível adaptação para uma eventual segunda onda da pandemia”, disse Barros.