O papel do gás natural na transição energética do Brasil vai depender da velocidade em que as decisões serão tomadas, do aprimoramento do marco legal do segmento e também do surgimento de alternativas para financiamento dos projetos, disse Luiz Barroso, presidente da PSR, ao participar de webinar realizada pelo Lide Rio de Janeiro.
“O que fazer com o gás é uma decisão muito relevante para o Brasil, pois precisa ser uma inserção eficiente economicamente. Não dá pra inserir de qualquer forma, é preciso racionalidade”, disse Barroso.
Um primeiro passo seria a aprovação do Projeto de Lei 6.407, que trata do marco regulatório do setor de gás natural. A financiabilidade dos projetos pode ser um obstáculo, uma vez que há instituições financeiras que não vão mais destinar recursos aos combustíveis fósseis, lembrou Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Segundo Gannoum, se o gás tiver um custo maior, pode ser que o governo promova uma política de estímulo, mas as incertezas nesse ponto ainda são relevantes. “Hoje seria ousadia falar qual o caminho claro para o gás, estamos no caminho de entender a dinâmica e o custo do pré-sal”, afirmou a especialista.
Para Barroso, a “vocação natural” do Rio de Janeiro é o gás natural como fonte de energia, já que há abundância de recursos no pré-sal. O desafio, hoje, é mostrar que o combustível pode ter preços competitivos.
Ele contou ter feito simulações que mostram que o gás entregue na usina termelétrica ao custo de US$ 4,5 a US$ 5 por milhão de BTU poderia tornar o empreendimento competitivo até mesmo em comparação com projetos renováveis, devido aos atributos das fontes. “Se não ‘der jogo’ no setor elétrico, o Rio, pela sua frota industrial, precisa olhar segmentos em que o gás possa entrar substituindo outros combustíveis”, disse.