O Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE) deve lançar “em breve” uma plataforma para negociação de Créditos de Descarbonização (CBIOs), afirmou Carlos Ratto, presidente da empresa, em webinar realizada hoje pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Cogen).
“Em breve, vamos lançar a plataforma de CBIOs com a vantagem que não será preciso contratar uma corretora ou distribuidora, só será preciso um escriturador”, disse Ratto. Segundo ele, as usinas de biocombustíveis poderão oferecer os ativos, e há comercializadoras de energia já interessadas no negócio.
Os certificados entram no grupo de ativos relacionados à energia que a BBCE pretende negociar, depois de obter aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como um balcão organizado.
“Biomassa está em nosso roadmap, etanol também. Todo mercado nasce como balcão e depois pode evoluir”, disse. Esses seriam ativos com características de commodities, mas com distinções regionais, o que gera a oportunidade de desenvolvimento de um mercado local pela BBCE.
No curto prazo, a BBCE pretende lançar a plataforma para negociação de derivativos de energia em agosto. Por enquanto, serão disponibilizados contratos a termo com liquidação mensal ou semanal. A grande diferença em relação aos contratos de hoje é que esses serão puramente financeiro, sem registro na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e sem lastro físico.
Inicialmente, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) será a base de referência dos contratos. “Se o PLD estivar acima no vencimento você recebe a diferença, se estiver abaixo você paga, e o inverso se estiver vendendo o contrato”, disse Ratto.
A ideia é, dependendo da liquidez do mercado, poder ter outro preço de referência com base na própria curva da BBCE.
Depois desse primeiro passo, a plataforma de negociação de energia pretende oferecer outros produtos, como opções, mas o formato ainda não foi definido.
Para Ratto, a velocidade do crescimento da liquidez do mercado de derivativos de energia vai depender dos agentes, mas a expectativa dele é que não demore, já que haverá vantagens para que muitos negócios migrem do mercado físico para o financeiro.
As negociações hoje no mercado físico de energia já são parecidas com os derivativos, mas há lastro atrelado e custos de registros na CCEE, por exemplo.
“Se você não precisa de energia física e só está se posicionamento em preço, como acontece em grande parte das operações no mercado hoje, não existe razão para usar o mercado físico”, disse. Para ele, a “migração” desses negócios para a BBCE vai ser relativamente rápida e natural. “O mercado tem se preparado para isso, temos bom feedback das comercializadoras e também dos bancos”, afirmou.
Ao migrarem para o mercado financeiro, os agentes deixarão de incorrer os custos de registro de contrato na CCEE, e a tributação se dará pela diferença. Além disso, não há necessidade de emissão de nota fiscal.
A velocidade da evolução do mercado de balcão para se transformar em uma clearing house vai depender do mercado. Segundo Ratto, um mercado com alta volatilidade nos preços e liquidez baixa, como é o de energia, seria inviável em ambiente de contraparte central, já que as chamadas de margem seriam muito altas.
“Precisamos desenvolver o mercado. Conforme avançarmos, teremos condição de criar o mecanismo”, afirmou.