As geradoras de energia elétrica receberam com entusiasmo a aprovação, ontem (13/08), no Senado, do projeto de lei que trata da compensação pelo risco hidrológico. A percepção, entre executivos consultados pelo Valor Econômico, é de que a medida encerra um impasse de cinco anos em torno do assunto e vira a página na pauta do setor, abrindo caminho para que a discussão sobre o novo marco regulatório avance no Congresso.
Ao mesmo tempo, as empresas começam a contabilizar os efeitos da medida sobre as suas concessões. A estimativa no mercado é que as geradoras terão direito a ampliar entre dois e três anos os prazos de suas concessões.
A Eletrobras, por exemplo, estima que tem cerca de R$ 4 bilhões a serem incorporados na extensão dos prazos de concessão de suas hidrelétricas, enquanto a Companhia Paranaense de Energia (Copel) estima que o valor de seu passivo, a ser convertido na extensão dos contratos, é de R$ 800 milhões. O valor, contudo, ainda será devidamente calculado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Perdas da Energisa crescem com provisão no segundo trimestre
Quinto maior grupo distribuidor de energia elétrica do país, a Energisa sentiu os impactos da pandemia nos negócios no segundo trimestre. Juntas, as onze distribuidoras da companhia enfrentaram uma redução de mercado da ordem de 5% em relação ao mesmo período de 2019. Já a inadimplência subiu, refletindo a proibição dos cortes de fornecimento para algumas classes de consumidores.
Entre abril e junho, a Energisa viu seu prejuízo líquido aumentar quase dez vezes no comparativo anual, para R$ 88 milhões. No mesmo período, o Ebitda (sigla para lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 11,2%, para R$ 727,4 milhões, enquanto a receita operacional líquida mostrou retração de 3,6%, para R$ 3,873 bilhões.
O Valor Econômico informa que o resultado foi afetado por efeitos não recorrentes, ligados principalmente à pandemia. O principal deles foi a constituição de uma provisão de R$ 163,2 milhões para perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa.
Brasil devolve 42% do gás que produz para os poços
Reportagem publicada hoje (14/08) pelo Valor Econômico destaca que, sem um mercado robusto e com limitações no acesso à infraestrutura de escoamento, o Brasil devolve para seus poços 42% de todo o gás natural que produz diariamente.
O volume reinjetado nas jazidas quase dobrou nos últimos quatro anos – de 27,6 milhões para 52,6 milhões de metros cúbicos por dia. Esse período que coincide com o aumento da exploração no pré-sal. As petroleiras, incluindo a Petrobras, defendem esse processo e enfatizam sua importância para maximizar a produção de óleo nos reservatórios.
Para a indústria e especialistas, embora haja razões técnicas para a reinjeção, isso significa dar um uso menos nobre ao gás e enterrar a possibilidade de uma energia mais barata aos consumidores. De qualquer forma, uma parte do que volta para os poços não é mais recuperada e se perde para sempre.
O novo marco legal do gás, pronto para votação no plenário da Câmara dos Deputados, pode mudar essa equação. Um dos pontos do projeto de lei (PL 6.407 de 2013) é a garantia de “acesso não discriminatório e negociado de terceiros” aos gasodutos de escoamento da produção.
Salim Mattar pintou fantasia para investidor de Eletrobras e Telebras
Em artigo publicado hoje (14/08) pela Folha de S. Paulo, o jornalista Marcos de Vasconcellos, fundador do site Monitor do Mercado, analisa a atuação do ex-secretário de Desestatização Salim Mattar, na equipe econômica do governo federal. Vasconcellos lembra que há praticamente um ano, no dia 21 de agosto de 2019, o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou a lista de 17 empresas estatais que seriam privatizadas nos próximos meses.
O impacto da divulgação da lista no mercado foi tremendo. Houve forte valorização das ações da Telebras, estatal de telecomunicações, e da Eletrobras. Mas, segundo ele, “quem comprou ações das companhias confiando no trabalho do então secretário para levá-las ao mercado assiste atônito à queda dos preços com sua saída do governo”.
Entre a última terça-feira (11), quando Mattar pediu demissão, e a tarde de ontem (13/08), os papéis ordinários da Eletrobras caíram 13% e os da Telebras, quase 9%.
PANORAMA DA MÍDIA
O presidente Jair Bolsonaro está com a melhor avaliação desde que começou o seu mandato, destaca a Folha de S. Paulo. Segundo o Datafolha, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.
Mais acentuada ainda foi a queda na curva da rejeição: caíram de 44% para 34% os que o consideravam ruim e péssimo no período. Consideram o governo regular, por sua vez, 27%, ante 23% em junho. O Datafolha entrevistou por telefone 2.065 pessoas de 11 a 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
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O Valor Econômico informa que o Banco Central (BC) decidiu consultar o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a possibilidade de transferir cerca de R$ 400 bilhões de seu resultado ao Tesouro.
Segundo a reportagem, o montante não pode ser usado para pagar despesa primária, isto é, o custeio da máquina pública, pessoal e investimento. Serve, porém, para aliviar as condições de liquidez do Tesouro na gestão da dívida pública. A consulta foi feita pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. Na segunda-feira, ele participará de reunião com os ministros do tribunal.
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O principal destaque da edição desta sexta-feira (14/08) do jornal O Estado de S. Paulo é o debate sobre o teto de gastos. O jornal informa que o governo diz defender o teto, mas busca R$ 5 bilhões para obras. Medida provisória em elaboração deve liberar emendas parlamentares para o custeio de investimentos em infraestrutura e ações indicadas por parlamentares.
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O jornal O Globo informa que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), terá que retornar à cadeia. A decisão foi do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Félix Fischer, que revogou a prisão domiciliar de Queiroz e de sua mulher, Márcia Aguiar, que estava foragida quando recebeu o benefício e agora deve ser presa. Em seu despacho, Fischer derrubou a liminar concedida pelo presidente do STJ, João Otávio Noronha, durante o plantão do Judiciário.