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Elétricas veem potencial de mercado para produtos financeiros

Novas Cédulas de Real / USP Imagens
Novas Cédulas de Real / USP Imagens

Não é apenas o setor financeiro que está se aproximando do mercado de energia. O sentido inverso também tem sido visto com muito interesse pelas companhias elétricas. O recente acordo firmado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Banco Central (BC) para que as contas de luz possam ser pagas pelo PIX – serviço digital para transferência instantânea de valores – evidencia um espaço que tem sido estudado por grandes grupos de energia que enxergam potencial de mercado para produtos e serviços financeiros.

Dois aspectos positivos para que as companhias desenvolvam produtos financeiros são a escala e a proximidade com o consumidor – Afinal, são mais de 85 milhões de clientes de energia no país. O tema ainda depende de avanços regulatórios e legais, mas já é visto como uma tendência para o setor por especialistas.

Alguns grupos que atuam na área de distribuição de energia, entre eles a Energisa e a EDP, já estão estudando projetos relacionados a fintechs (startups do sistema financeiro). A Enel, por sua vez, desenvolveu um sistema de gestão de faturas mensais para a Via Varejo, maior empresa de varejo de eletroeletrônicos e móveis do país.

O sistema, fornecido pela Enel X, braço do grupo italiano dedicado a soluções digitais, organiza em uma plataforma única todas as informações sobre contas de prestadores de serviços, além de permitir o acompanhamento do consumo de energia, água e gás natural de todas as unidades da Via Varejo.

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Fora do país, a Enel X estreou este mês no setor de serviços financeiros digitais com a Enel X Pay, que oferece uma conta bancária online por meio de parceria com a Mastercard. Pelo sistema, os usuários podem fazer pagamentos e transferências em tempo real, por meio de smartphones, ter um cartão digital ou físico e acompanhar as transações e gastos de toda a família.

No início do mês, a empresa também assinou uma parceria estratégica com a SIA, empresa europeia de alta tecnologia especializada no segmento de pagamentos, para o desenvolvimento de novas soluções de “mobile banking”.

No Brasil, este tipo de movimento ainda é incipiente, mas é visto como uma tendência. “Talvez, produtos financeiros sejam possíveis por empresas subsidiárias de um grupo econômico que atue no setor elétrico, mas pensar em produtos ofertados por distribuidoras em grande escala ainda pode ser prematuro. Mas, com certeza, é uma tendência para os próximos anos”, disse Lindemberg Reis, gerente de projetos da consultoria Siglasul.

Com relação ao PIX, um dos grupos que devem sair na frente é a Neoenergia. A companhia pretende já disponibilizar o mecanismo para os clientes de suas quatro distribuidoras (Coelba, Cosern, Celpe e Elektro) que já possuam cadastro digital (cerca de 1,3 milhão de consumidores) a partir do dia 16 de novembro.

Segundo Leonardo Moura, superintendente de processos comerciais da Neoenergia, a implementação do PIX está em linha com um projeto de pesquisa e desenvolvimento da empresa voltado para inovação e digitalização de serviços de atendimento ao cliente. O especialista acredita que o PIX permitirá a redução de tarifas bancárias de arrecadação e de custos operacionais.

Na mesma linha, o grupo EDP prevê uma redução de custos de arrecadação da ordem de 30% a 40% com a implantação do PIX. Segundo Vanessa Bonfim, gestora executiva de recuperação de receita da companhia, a ideia é disponibilizar o novo sistema de pagamento até o fim do ano para os clientes que utilizam os canais digitais da companhia.

Um total de 51% dos 3,5 milhões de clientes das duas distribuidoras da EDP (em São Paulo e no Espírito Santo) já fazem pagamentos por canais digitais. A expectativa, segundo ela, é que cerca de 10% desses clientes adotem o PIX em um primeiro momento. “Acreditamos que vai ter uma migração, mas será aos poucos”, explicou.

Reis, da Siglasul, acrescenta que o PIX vai gerar um fluxo de caixa mais ativo para as distribuidoras. “No momento em que não se faça necessária a emissão de boletos em papel ou pagamentos que só serão compensados durante horários comerciais e ao longo de dias úteis, incorpora-se ao sistema financeiro da distribuidora uma celeridade não imaginada anos atrás”, completou.

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