Mercado Livre

Mercado livre se consolida como ambiente mais atrativo para projetos de geração renovável

O mercado livre de energia tem se consolidado como o ambiente mais atrativo para o desenvolvimento de projetos de geração renovável, apesar das “vantagens” do mercado regulado, como acesso prioritário à conexão e contratos de longo prazo. O assunto foi debatido em painel no evento Brazil Wind Power, moderado pelo presidente da Energia Sustentável do Brasil, Edson Silva.

Com o crescimento dos projetos no mercado livre, aumentou também a importância da comercialização de energia. “Tem que ter uma modulação de sazonalização muito bem gerida, e é por isso que temos uma mesa de comercialização muito ativa”, disse Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos.

A Enel abandonou, no Brasil, o financiamento de projetos pelo mercado regulado desde 2017, segundo Javier Alonso Perez, diretor de Trading e Comercialização da companhia no país. “Os 800 MW que viabilizamos foram só no mercado livre com contratos com consumidores finais, quando acumulamos uma carteira conseguimos financiar os projetos”, disse.

A Casa dos Ventos, por sua vez, ainda vendeu parte dos empreendimentos em leilões a fim de assegurar a conexão. “Mas o grande retorno é na comercialização em ambiente livre, não conseguimos hoje ver projetos viáveis 100% no regulado”, disse Araripe. 

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Segundo Alberto Büll, sócio do Ulhôa Canto, Rezende e Guerra Advogados, os projetos exclusivamente para o mercado livre têm conseguido garantir a conexão. “Nos últimos anos, havia margem para escoamento. Cumprindo-se todos os passos para conseguir parecer de acesso e opinião da transmissora, distribuidora ou do ONS, tem sido viável”, explicou.

Ao mesmo tempo, o modelo de autoprodução tem ganhado força entre as renováveis, principalmente a autoprodução equiparada. “A intenção dos consumidores é buscar maneiras de se tornarem mais eficientes nos custos e hoje existe tratamento legislativo e regulatório favorável”, disse Büll. O advogado, contudo, faz um alerta: o consumidor deve considerar se faz sentido comprar energia carimbada como renovável e entender que se tornará um sócio de uma usina.

“Quando a carga é menor, eu diria que talvez outras inovações do mercado seriam mais apropriadas, como a comercialização varejista, se houver desenvolvimento do mercado nesse sentido”, disse Büll, lembrando que a autoprodução foi pensada para os grandes consumidores de energia.

A Casa dos Ventos, por sua vez, tem feito grandes projetos de energia eólica e compartilhando com vários autoprodutores de menor porte por meio da divisão em “condomínios”. Segundo Araripe, é uma forma de democratizar a eficiência da autoprodução com consumidores menores. 

Para Perez, da Enel, a comercialização é a melhor forma de oferecer produtos personalizados aos clientes, o que é possível devido ao portfólio de geração da companhia. O varejista também é visto como um desafio para o executivo. “O varejista desburocratiza muito o acesso ao sistema. O fato de que qualquer cliente que queira acessar o mercado livre hoje deve virar uma contraparte é uma exigência muito grande para os clientes que estamos começando a migrar”, disse.

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