Economia e Política

Apagão no Amapá influencia debate sobre privatização da Eletrobras

apagão que atingiu 95% do Amapá na última semana coloca na berlinda o plano de capitalização e privatização da Eletrobras. Interessado na desestatização da companhia, o governo tem dedicado atenção especial na condução do incidente elétrico no estado, base eleitoral do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ao mesmo tempo em que vê crescer o discurso de entidades sindicais no sentido de valorizar a atuação da estatal na mitigação da crise energética no Amapá.

De acordo com informações do Ministério de Minas e Energia, 65% da carga do Amapá já foi restabelecida. O retorno de 100% da carga, porém, ainda depende da chegada de um novo transformador a Macapá, capital do estado, cujo prazo para o transporte era estimado em dez dias, na sexta-feira passada.

Em paralelo, o governo autorizou a Eletronorte, subsidiária do grupo Eletrobras, a fazer a contratação de geração emergencial de energia para abastecer o Amapá.

“Vale ressaltar que quem está equacionando essa emergência são os trabalhadores da Eletronorte, que tem um papel relevante, como empresa pública na Amazônia. Por isso, lutamos contra a privatização da Eletrobras, para mantê-la pública, em um setor tão estratégico para o estado nacional e, além disso, exigimos a apuração e a responsabilização deste ‘crime’ praticado contra o estado do Amapá e ao seu povo”, afirmou Nailor Gato, diretor do Sindicato dos Urbanitários de Rondônia e coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE).

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A MegaWhat apurou que a equipe do governo que trabalha na privatização da Eletrobras já esperava que os sindicatos utilizassem o episódio do Amapá para defender a manutenção da estatização, embora há um entendimento da equipe de que o problema no estado foi de fiscalização.

O incidente no Amapá ocorre às vésperas das eleições municipais, marcadas para o próximo domingo, 15 de novembro. O processo ganha mais importância em Macapá, onde quem disputa a prefeitura é Josiel (DEM), irmão do presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O relacionamento com o Senado é considerado crucial pelo governo, que avalia a possibilidade de mudar a estratégia com relação ao plano de privatização da Eletrobras, apresentando um novo projeto dessa vez no Senado, ao invés da Câmara.

“A grande lição que se pode tirar do acidente de Amapá é como a energia elétrica é absolutamente essencial para a população. Os problemas que emergem são de tamanha gravidade e profundidade que um problema técnico passa para a órbita política”, afirmou o coordenador do Grupos de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro.

“Desta lição, o setor elétrico brasileiro deve reforçar o regramento e os mecanismos de controle de qualidade, desde a Empresa de Pesquisa Energética [EPE] e principalmente o Operador Nacional do Sistema Elétrico [ONS], na análise dos projetos, até a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] na redefinição de critérios mais rígidos para penalizar falhas com esta”, completou o pesquisador.

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