O blecaute que atingiu o Amapá na noite de 3 de novembro – e que ainda limita o atendimento de energia no estado – segue em pauta na mídia. Reportagem publicada hoje (24/11) pelo Valor Econômico mostra que o apagão de 21 dias atrás, ainda não resolvido totalmente, está relacionado a uma “contingência múltipla” que afetou por completo o funcionamento da subestação de Macapá, onde um dos equipamentos explodiu em uma tempestade.
O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), registra um conjunto de falhas das usinas e da rede de distribuição que suprem o Amapá. O RAP, ao qual a reportagem do Valor teve acesso, ainda será submetido às últimas revisões, mas reforça as constatações preliminares de que a subestação de Macapá, capital do estado, poderia entrar em colapso a qualquer momento.
Nas conclusões, o operador destaca que já iniciou os estudos, junto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para propor uma solução definitiva para o atendimento do estado. A subestação instalada na capital é a principal entrada da energia no estado e operou conforme critério de segurança denominado N-1, que não tem corte em caso de falha no equipamento.
No relatório, o ONS reconhece que a subestação de Macapá operava somente com dois dos três transformadores no momento do blecaute, ou seja, a rede funcionava sem o equipamento de backup por problema com o transformador TR2. Agora, a análise do operador do sistema elétrico brasileiro demonstra que foi detectado, depois do blecaute, um problema de “bucha danificada” em um dos dois transformadores em operação, o TR3.
O relatório indica que foi justamente a explosão de uma bucha como essa que levou à indisponibilidade do TR2 no fim de 2019. O transformador TR1 foi o equipamento que atuou como um gatilho para o apagão no Amapá. A falha começou com um curto-circuito às 20h48, registrado pelo ONS com precisão de milésimos de segundo. Houve, então, a explosão desse transformador, seguida de incêndio.
Reajuste de tarifa de energia elétrica no Amapá deverá ser adiado em 60 dias
O portal de notícias G1 informa que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve prorrogar por 60 dias o processo de reajuste tarifário da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), determinado anualmente para ocorrer em 30 de novembro.
O motivo é a situação que a concessionária e os consumidores passam em função da crise energética no estado, que já dura 21 dias. O adiamento será discutido em reunião na manhã desta terça-feira (24/11). A prorrogação conta com o voto favorável do relator do processo, o diretor da Aneel Sandoval de Araújo Feitosa Neto. O prazo de 60 dias foi proposto por ele e é maior que o indicado pela CEA, que foi de 30 dias.
A “alfaiataria” dos contratos do mercado livre de energia
O mercado livre para energia eólica passa por profunda transformação na forma de oferta de energia e da relação que se estabelece entre fornecedores e consumidores de energia. Tais avanços são grandes negócios de longo prazo, feitos como “alfaiataria”, a gosto do freguês e de suas necessidades.
É a respeito desse novo modelo que Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), trata em artigo publicado hoje (24/11), pelo Valor Econômico. Na abertura do artigo, ela descreve o histórico do mercado livre, a partir de 1995, quando a lei 9074 determinou que os consumidores acima de 3 MW poderiam escolher seu fornecedor, o que permitiu que, a partir de 2000, os primeiros contratos viessem a aparecer, surgindo também uma importante categoria de agentes, as comercializadoras, que hoje são mais de 370, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A descrição chega ao cenário atual do mercado livre que, segundo a presidente da Abeeólica, é “complexo, experiente e fascinante em soluções novas, com elevado grau de diferenciação de produtos e serviços”. Elbia Gannoum aborda, também, a necessidade de modernização do setor elétrico e de criatividade por parte do segmento de energia eólica, “porque o curto e médio prazo nos apontam leilões regulados menores”.
Na sequência, ela argumenta: “O que estamos vendo agora é que o gerador/comercializador está procurando direto os consumidores que têm possibilidade de serem livres, mas eles não chegam mais com opções prontas, apenas para serem adaptadas em relação ao consumo. O que eles fazem é criar um contrato que se encaixe no consumidor considerando características inovadoras, podendo incluir, por exemplo, parcerias para construção do parque eólico, possibilidade de se tornar proprietário em sociedade do parque, apenas desenvolvimento do projeto ou gestão e operação.”
PANORAMA DA MÍDIA
O tema da vacinação contra a covid-19 é destaque nos jornais, nesta terça-feira (24/11). Os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo informam que após a análise preliminar que comprovou até 90% de eficácia contra o novo coronavírus, a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a farmacêutica AstraZeneca submeterá os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pedirá autorização para o uso emergencial do imunizante no Brasil.
Caso seja aprovada pela Anvisa, a vacina pode chegar à população brasileira já em janeiro de 2021. Procurada pela reportagem do Globo, a Anvisa afirmou que ainda não havia recebido solicitação formal da AstraZeneca ou de Oxford para o registro emergencial da vacina e, portanto, não comentaria os detalhes.
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O Valor Econômico destaca que o governo federal, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), recorreu de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que o obrigava a entregar em 60 dias um plano detalhado de vacinação da população contra a covid-19. A determinação do órgão de controle foi aprovada pelo plenário no dia 12 de agosto e deveria ser cumprida até o fim da semana passada. Até agora, não há indicação de que o plano exista, informa o jornal.
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A Folha de S. Paulo segue acompanhando as eleições municipais, com manchete na edição de hoje (24/11). A uma semana do segundo turno em São Paulo, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, reduziu a distância do primeiro colocado na corrida eleitoral, o prefeito Bruno Covas (PSDB).
Segundo o instituto Datafolha, Boulos passou dos 42% de intenções de votos registrados na última semana para 45% dos votos válidos. Covas oscilou negativamente de 58% para 55%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto ouviu 1.260 pessoas. Encomendado pela Folha, o levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral.
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As eleições presidenciais nos Estados Unidos também são destaque na mídia. Ontem (23/11), o presidente Donald Trump aceitou iniciar a transição de governo com a equipe de Joe Biden. Por 15 dias, a Casa Branca bloqueou os protocolos de transferência de poder, enquanto Trump, que foi candidato à reeleição, travava uma batalha jurídica para contestar o resultado das urnas. Pelo Twitter, o presidente continuou sem admitir a derrota, mas disse ter concordado em iniciar a transição. (O Estado de S. Paulo / Valor Econômico)