A redução da curva futura de produção de óleo e gás da Petrobras foi o principal destaque do plano estratégico da companhia para o período 2021-2025, aprovado na quarta-feira, 26 de novembro, pelo conselho de administração da empresa. De acordo com o novo plano, a petroleira prevê alcançar uma média de 3,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em 2021 e 2025. O número é 5,7% inferior ao previsto no fim do período do plano anterior (2021-2024), de 3,5 milhões de boe/d.
Com relação à produção de petróleo especificamente – principal indicador operacional avaliado pelos analistas e investidores da empresa – o volume previsto de 2,6 milhões de barris/dia, em 2024, e de 2,7 milhões de barris/dia, em 2025. No plano anterior, a petroleira previa alcançar 2,9 milhões de barris/dia de produção petrolífera em 2024.
A Petrobras também prevê uma redução da produção para 2021. De acordo com o novo plano da companhia, a expectativa para o próximo ano é de um volume produzido de óleo e gás de 2,75 milhões de boe/d, com variação de 4% para cima ou para baixo. O número é 5,2% inferior ao previsto para 2021 no plano anterior e 3,2% menor que a estimativa atual para este ano, de 2,84 milhões de boe/d.
Considerando apenas a produção de petróleo, a Petrobras espera alcançar um volume de 2,23 milhões de barris/dia em 2021. O número é 3% menor que a previsão anterior e 2,2% inferior à meta deste ano, de 2,28 milhões de barris/dia.
De acordo com a Petrobras, a redução da previsão de produção de petróleo para 2021 reflete os impactos associados à pandemia de covid-19 e os desinvestimentos oriundos em 2020.
Para analistas consultados pela MegaWhat, a queda na curva de produção futura da estatal é influenciada pela pandemia e principalmente os desinvestimentos já em curso.
O Credit Suisse destacou que a previsão de produção da Petrobras para 2021 veio abaixo das expectativas. O banco trabalhava com uma produção de óleo da companhia no próximo ano na casa de 2,3 milhões de barris/dia.
No curto prazo, o impacto na produção é causado principalmente pelos processos de desinvestimento em andamento, com destaque para participações nos complexos de Albacora e Marlim, além de campos em águas rasas e terrestres. A venda desses ativos totaliza um efeito negativo de 600 mil boe/d para a produção da petroleira.
Segundo o Credit Suisse, o mercado aguarda para saber será o impacto desses desinvestimentos para o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) relativo à produção da empresa. A casa de análise estima um efeito de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, considerando um cenário de preços de petróleo entre US$ 50 e US$ 50 o barril.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o ajuste na curva da produção da Petrobras é algo normal, diante da assunção de um cenário mais complexo.
De forma geral, segundo o especialista, o plano 2021-2025 veio em linha com o anterior, reconhecendo um cenário ainda errático para os preços de petróleo e incorporando objetivos sustentáveis à metrificação de desempenho.
Do ponto de vista financeiro, o plano prevê um investimento de US$ 55 bilhões para os próximos cinco anos. O valor é 27% menor que o definido no plano anterior (2020-2024), de US$ 75,7 bilhões.
A estratégia, contudo, permanece a mesma: priorização da exploração e produção de óleo e gás no pré-sal e redução da dívida.
Do total previsto a ser investido, 84% serão destinados à exploração e produção. E, esse volume, 70% serão dedicados especificamente ao pré-sal.
Com relação à dívida, a companhia manteve a meta de redução da dívida bruta para US$ 60 bilhões, em 2022. Para 2021, a empresa prevê reduzir a dívida bruta para US$ 67 bilhões, o que demandará esforço de geração de caixa e desinvestimentos.
“O mercado já esperava esse corte de capex [investimentos] e esse ajuste marginal na curva de produção. A empresa está reforçando o compromisso de ser mais disciplinada”, disse um analista que cobre a Petrobras, em condição de anonimato.
Outro ponto importante do plano 2021-2025 foi a revisão de compromissos com a sustentabilidade, entre eles a redução das emissões absolutas operacionais totais em 25% até 2030.