O blecaute que atingiu em cheio o Amapá por 21 dias durante a pandemia, levando parte da população a enfrentar problemas com contornos de crise humanitária, pode fazer as autoridades do setor elétrico a reverem o modelo de governança e controle da confiabilidade do sistema.
O ajuste é defendido pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone. Em entrevista ao Valor Econômico, ele disse que a mudança deve evitar que novas comunicações de falhas ou indisponibilidade de equipamentos passem despercebidas, como no caso da subestação de Macapá. Ele classifica o que aconteceu como inaceitável.
Em entrevista ao Valor, Pepitone rejeitou a ideia de que a agência foi omissa ou negligente, como apontou a recente decisão judicial que afastou a diretoria do órgão e foi derrubada após recurso. Ele reiterou que o modelo de fiscalização, baseado em análise de desempenho, está “alinhado às melhores práticas nacionais e internacionais”.
O diretor-geral da Aneel informou, ainda, que a Aneel fará um “pente-fino” nas principais redes do país. “Será dado um passo além do que demos até agora. Já solicitamos informações ao Operados Nacional do Sistema (ONS) sobre linhas e subestações. A partir da próxima semana [esta semana], como fizemos após o rompimento da barragem de Brumadinho, na verificação de todas as barragens de hidrelétricas, estamos identificando pontos de criticidade no sistema de transmissão para fazermos um trabalho in loco”.
Concessionárias aprimoram gestão de redes de energia
Reportagem publicada hoje (30/11) pelo Valor Econômico mostra que sistemas de abastecimento e tratamento de água e esgoto e a operação do setor elétrico têm incorporado cada vez mais mecanismos de internet das coisas e inteligência artificial, uma forma de elevar a eficiência operacional e gerenciar melhor os riscos.
No setor de energia, a inteligência artificial permite compartilhar experiências e executar reparos na hora com a chamada de especialistas que não precisam estar no lugar da ocorrência. De acordo com a reportagem, a inteligência artificial vem sendo usada em novas áreas na EDP. As disputas judiciais da concessionária com clientes têm ganho nos últimos meses um novo ambiente: uma plataforma on-line vem sendo testada em 400 casos de consumidores. A ideia, feita em parceria com a startup eConciliadora, é reduzir prazos e custos.
Com outra statup, a Nuveo, estão sendo validadas soluções de inteligência artificial para permitir que clientes da distribuidora possam fazer a medição de sua conta de energia a partir de fotografias do leitor que sejam transmitidas pelo aplicativo da concessionária..
Já a Enel, distribuidora de energia na região metropolitana de São Paulo, escolheu o bairro da Vila Olímpia, na zona sul da cidade, para abrigar uma iniciativa pioneira. Nesse caso, a inteligência artificial está sendo utilizada para observar as árvores que existem no bairro. Hoje a queda de galhos e troncos é uma das principais razões de interrupção no fornecimento de energia elétrica. A ideia, com o uso de análise de imagens por computadores, é detectar anomalias e verificar o melhor momento de poda.
Fundo receberá US$ 200 milhões de grupo chinês para investir no país
O fundo de investimentos brasileiro Rubicon vai receber um aporte de US$ 200 milhões do grupo China Development Integration Limited (CDIL), informa o Valor Econômico. O objetivo, com esses recursos, é buscar oportunidades para a empresa chinesa nos setores de óleo e gás, energias renováveis, infraestrutura, mobiliário, agropecuário, saneamento e mineração no Brasil.
“Vemos potencial no Brasil porque é um país rico em recursos, o que falta é acesso ao capital estrangeiro. Acreditamos que o Brasil pode ser uma nova potência econômica na América Latina se usar seus recursos apropriadamente e investir em educação. Nossa ideia é identificar companhias e ativos que vão poder seguir para um novo estágio de desenvolvimento com os nossos investimentos”, afirma Edmond Amir, chefe de projetos internacionais da empresa chinesa, sediada em Hong Kong.
Chinesa BYD planeja elevar produção de módulo solar
A fabricante chinesa BYD está retomando sua capacidade produtiva de módulos para geração solar fotovoltaica no Brasil, depois de ter realizado um “recuo estratégico” entre o fim de 2019 e o início deste ano, informa o Valor Econômico.
A unidade industrial de Campinas (SP) voltará a operar em dois turnos no primeiro trimestre de 2021, dobrando a capacidade atual, de 125 megawatts (MW) por ano, para 250 MW. Até junho, a companhia prevê retornar à produção de 400 MW anuais, em três turnos, mesma capacidade que ela operava quando foi inaugurada, em 2017.
PANORAMA DA MÍDIA
O resultado das eleições municipais realizadas ontem (29/11) é o principal destaque das edições dos jornais nesta segunda-feira. Os vencedores das duas principais cidades do país, Eduardo Paes (DEM), que irá para o seu terceiro mandato do Rio de Janeiro, com 64% dos votos, e Bruno Covas (PSDB), reeleito com 59,38% em São Paulo, exaltaram a moderação, o diálogo e a diversidade, em seus discursos após o anúncio oficial dos resultados, ressalta o jornal O Globo.
A Folha de S. Paulo enfatiza que a vitória de Covas impulsiona o projeto de João Doria para o Planalto em 2022 – apesar de o governador, que renunciou à prefeitura em 2018, ter sido escondido na campanha deste ano devido à sua alta rejeição na capital. De acordo com a análise da Folha, a vitória de Bruno Covas consolida também um dos fracassos simbólicos do presidente Jair Bolsonaro nas eleições deste ano. O presidente, que trata Doria como um de seus principais rivais, teve a maioria de seus candidatos derrotada.
O jornal O Estado de S. Paulo destaca que a vitória de Bruno Covas, que carrega um dos sobrenomes mais emblemáticos da política paulista, mantém a hegemonia do PSDB na maior cidade do país e simboliza o triunfo majoritário, nas disputas de 2020, do discurso associado ao centro do espectro político nacional. Sob o ponto de vista da macropolítica brasileira, o resultado nas maiores cidades do país também consolidou a derrocada do PT nos grandes centros e os reveses dos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro.
A análise do Valor Econômico segue o mesmo raciocínio, focado nas correntes políticas que receberam mais votos nas eleições municipais. Se o primeiro turno da eleição deste ano consolidou a direita como principal força política nos municípios, o segundo turno mostrou o fortalecimento do centro na região Sudeste e a projeção de lideranças de esquerda que quebram o monopólio do PT, partido que chegou a ter nove dos 26 prefeitos de capitais e, agora, não elegeu nenhum. A maior fatia dos orçamentos vai para PSDB, MDB, DEM e PSD Belém é a única capital que terá prefeito do PSOL.
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O avanço da covid-19 em São Paulo também está em destaque nos jornais de hoje (30/11). A Folha de S. Paulo informa que a capital paulista poderá retroceder de fase no Plano SP contra a covid-19, nesta segunda-feira. A capital, neste momento, encontra-se na fase 4, verde, a mais branda em termos de restrições, assim como as regiões de Campinas, Sorocaba e Baixada Santista.
Outra parcela grande do estado está na fase 3, a amarela. Ao todo são cinco fases. O regresso a fases anteriores não deve ocorrer em todo o estado, segundo afirmou recentemente João Gabbardo, coordenador-executivo do centro de contingência. Especialistas vinham alertando para a expansão preocupante da covid em São Paulo.