A intensa disputa no leilão de privatização da CEB, de Brasília, realizado hoje na B3, sinaliza que as desestatizações das concessionárias do Rio Grande do Sul (CEEE-D) e Amapá (CEA) também terão grande apetite dos investidores, de acordo com Gustavo Montezano, presidente do BNDES.
“O valor obtido representa cerca de duas vezes o múltiplo médio do setor. É o maior M&A [sigla em inglês para fusões e aquisições] da história do Brasil para distribuidoras e mostra o grande apetite de investidores e empresas para alocar recursos no Brasil”, disse Montezano, em entrevista coletiva concedida de forma virtual após o certame.
O leilão de privatização da CEB foi vencido pela Neoenergia, que vai pagar R$ 2,215 bilhões pelo ativo, ágio de 76,63% em relação ao preço teto estabelecido pelo edital, de R$ 1,4 bilhão.
Segundo Montezano, a CEEE-D e a CEA devem ser licitadas no primeiro semestre de 2021, sendo a gaúcha no primeiro trimestre e a distribuidora do Norte no segundo trimestre do próximo ano.
“Estamos inaugurando uma agenda de privatizações bastante exitosa. O governo federal, com BNDES e agência reguladora têm feito todos os esforços para que os leilões tenham êxito e atraiam investimentos”, disse Marisete Pereira, secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia.
Neonergia
Para fazer valer o investimento e obter os retornos necessários, a Neoenergia vai investir de forma eficiente para criar valor aos acionistas e atingir as metas regulatórias obrigatórias na CEB, disse Mário Ruiz-Tagle, presidente da companhia.
“A Neoenergia cresce com ativos de primeira qualidade, e a CEB é de muita boa qualidade, o que permite ter racional de investimento com foco de entregar”, disse o executivo, apontando que essa é uma expertise da companhia.
Para financiar a aquisição, Ruiz-Tagle disse que a Neoenergia tem acesso ao mercado financeiro em “muitas boas condições” e que deve buscar essa alternativa.