Reportagem publicada neste domingo (03/01) pela Folha de S. Paulo mostra as oportunidades e riscos da exploração de petróleo e gás na Amazônia.
Localizado em meio à floresta amazônica, a 725 quilômetros de Manaus, o campo de petróleo de Juruá foi descoberto pela Petrobras em 1978. Mais perto da capital do Amazonas, a 210 quilômetros, o campo de Azulão foi descoberto pela estatal em 1989. Nenhum dos dois produziu nada até hoje. Estavam no portfólio da Petrobras como possíveis alternativas de investimento futuro até que a empresa descobriu o pré-sal e se concentrou no litoral do Sudeste.
Azulão foi vendido à Eneva em 2018, e Juruá, devolvido à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foi concedido à mesma companhia em leilão no dia 4 de dezembro. Os projetos são vistos como marcos de uma retomada da atividade petrolífera na Amazônia, que anima o setor de petróleo e o governo local, mas gera preocupações entre ambientalistas e lideranças indígenas, pelos possíveis impactos socioambientais.
Com as novas concessões, a Eneva já prevê dois poços exploratórios em 2022. Além disso, perfurou em 2020 três poços para produzir em Azulão, projeto que ganhará dois novos poços em 2021. Em evento com investidores, a empresa disse que o desenvolvimento de Juruá depende da venda do campo de Urucu, polo produtor da Petrobras na Amazônia, que ela disputa com a 3R Petroleum.
A reportagem relata, também, os desafios logísticos para solucionar a falta de acesso a mercados consumidores: algumas áreas exploratórias estão a 800 quilômetros de Manaus, em uma região com acesso apenas aéreo ou por um rio sinuoso, que inviabiliza o transporte por barcaças.
Estudo da ONG 350.org, porém, aponta riscos de impactos da exploração nas áreas mais próximas a Manaus em 47 comunidades indígenas e 22 unidades de conservação. O trabalho pontua que a maioria das comunidades identificadas ainda não tem direito territorial reconhecido pelo estado, o que eleva a fragilidade das populações. “Além disso, boa parte desses territórios já se encontra sob grande pressão em razão da presença do agronegócio e outras atividades extrativas”, diz o documento.
Entre os riscos socioambientais, o estudo elenca o desmatamento provocado pela abertura de canteiros de obras e infraestrutura logística, a possibilidade de aumento de mazelas sociais, como uso de drogas e bebidas por migração descontrolada, a pressão sobre os serviços públicos e as possibilidades de contaminação do ambiente.
Agenda de privatizações: desestatização no setor elétrico continuará este ano
O Correio Braziliense traz hoje (03/01) uma reportagem sobre as promessas de desestatização feitas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, há dois anos, quando assumiu a pasta. A reportagem destaca que para 2021, as desestatizações do setor elétrico mais promissoras sequer são de âmbito federal, embora o governo insista que conseguirá capitalizar a Eletrobras neste ano, diluindo a participação acionária da União.
O que está na mesa de negociação é a venda de duas estatais estaduais: a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), do Rio Grande do Sul, e a Companhia Energética do Amapá (CEA).
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a venda da Companhia Energética de Brasília (CEB) para a Bahia Geração de Energia, do grupo Neoenergia, por R$ 2,5 bilhões e ágio de 76,63%, mais de 78% do setor de distribuição de energia elétrica no Brasil ficou sob controle privado.
Restam apenas seis empresas estatais: Cemig (MG), CEEE (RS), Copel (PR), Celesc (SC) e CEA (AP), todas estaduais. Além delas, a DME (Poços de Caldas-MG), municipal, conforme informação do presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.
Privatização mesmo, só veremos nos governos estaduais, diz Elena Landau
Em artigo para a edição de hoje (03/01) do jornal O Estado de S. Paulo, a economista e advogada Elena Landau criticou o programa de privatização do governo federal.
“Ao contrário da promessa feita durante a campanha eleitoral, governo Bolsonaro criou nova estatal em vez de privatizar as existentes”, escreveu a economista, referindo-se à criação da estatal a NAV Brasil, aprovada em 24 de dezembro, que vai controlar a navegação aérea no país. “Ela não deve ser a única, porque há uma recomendação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para que o presidente faça outra (estatal), a Alada — Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil S/A.” Ambas vinculadas ao Ministério da Defesa.
Privatização mesmo só nos governos estaduais. Com a aprovação do marco legal do saneamento, o capital privado deve entrar firme nesse segmento. É a boa notícia do ano. Também avançam as operações de energia. Depois da CEB, empresa do Distrito Federal, estão na fila CEEE, do Rio Grande do Sul, CEA, do Amapá, e distribuidoras de gás estaduais.
No cronograma, oito empresas federais estão com leilões previstos para o fim deste ano. A maioria não vai render nada. As estrelas do programa, Correios e Eletrobras, ficam para o último trimestre. Telebrás só em 2022.
PANORAMA DA MÍDIA
A vacinação em massa para eliminar a ameaça do novo coronavírus e a retomada da agenda de reformas e privatizações serão determinantes para a recuperação da economia brasileira em 2021, após o baque provocado pela pandemia no ano passado. É o que dizem 14 presidentes e executivos de empresas de diferentes setores ouvidos pelo jornal O Globo sobre suas expectativas para o ano.
Os dirigentes empresariais cobram do governo um plano para enfrentar o déficit fiscal e conter a dívida, agravados pelos gastos emergenciais no enfrentamento da pandemia, e reposicionar as contas públicas em uma trajetória sustentável.
Estimativas apontam queda do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 4% em 2020. Embora tenha saído da recessão técnica com o avanço de 7,7% no terceiro trimestre ante o anterior, a economia brasileira ainda não recuperou tudo o que perdeu para a covid-19, sem falar no valor incalculável de quase 200 mil vidas.
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Especialistas ouvidos pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apontam que o combate à pobreza e à desigualdade, as reformas estruturais e a questão ambiental estão entre os principais problemas a serem enfrentados este ano; mas há muitas dúvidas em relação à capacidade do governo de solucioná-los.
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A Folha de S. Paulo traz como principal destaque da edição deste domingo (03/01) a opinião de brasileiros sobre a urna eletrônica. Para 73% da população, o sistema de voto em urna eletrônica deve ser mantido no país, de acordo com pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro. Na opinião de 23%, o voto em papel, abandonado nos anos 1990, deveria voltar a ser usado, e 4% responderam não saber.
A pesquisa do Datafolha ouviu 2.016 brasileiros adultos em todas as regiões e estados do país, por telefone, com ligações para aparelhos celulares (usados por 90% da população). A margem de erro é de dois pontos percentuais.
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou pedido da Fiocruz para a importação de 2 milhões de doses da vacina de Oxford. O aval, porém, não permite que a vacina já possa ser aplicada. A Fiocruz pretende pedir, na próxima semana, autorização para uso emergencial do imunizante. (UOL).