O jornal O Estado de S. Paulo aborda o tema da privatização de estatais na edição desta quinta-feira (11/02), a partir de uma pesquisa de opinião e entrevistas com economistas.
A privatização das empresas estatais deve ser avaliada caso a caso. É o que mostra resultado de pesquisa do Instituto Ideia Big Data encomendada pelo movimento liberal Livres. Para 45% dos entrevistados, a privatização deveria depender do setor e considerar também se a empresa em análise fecha suas contas no azul ou no vermelho. Apenas 19% dos entrevistados são favoráveis à privatização de qualquer empresa, independentemente das suas condições.
Já o total de entrevistados contrários à venda das empresas chegou a 21% — portanto, um porcentual maior do que os que são favoráveis à privatização geral. Um grupo de 15% não soube responder. O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que atua como um movimento político suprapartidário em defesa de bandeiras do liberalismo.
A pesquisa entrevistou 1.688 pessoas por telefone celular entre os dias 6 e 11 de janeiro, com recortes de classe social, faixa etária, gênero, escolaridade e região. O público entrevistado foi 52% de mulheres e 48% de homens. A maior parte dos entrevistados (44%) tem idade acima de 45 anos, e 44% têm escolaridade do ensino fundamental. A margem de erro é de 2,25 pontos porcentuais para mais ou para menos.
Entrevistas: Henrique Meirelles e Elena Landau
Além da reportagem sobre a pesquisa de opinião (resumo acima), o tema da privatização de estatais é abordado por dois economistas entrevistados pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na opinião do secretário de Fazenda de São Paulo e ex-ministro da Economia, Henrique Meirelles, “não adianta grandes planos, falatório. Tem que privatizar mesmo”, afirmou. Na lista de prioridades para a agenda econômica do Congresso, Meirelles inclui a aprovação da reforma tributária, tendo como ponto de partida o texto apresentado pelos estados, e uma reforma administrativa levada a sério para cortar despesas. “Precisamos começar a amortizar a dívida”, recomenda.
Para a economista Elena Landau, ex-diretora da área de privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo vai acabar tendo que pagar para privatizar a Eletrobras. Ela critica a insistência do governo em propor, mais uma vez, uma medida provisória para capitalizar (vender ações no mercado) a companhia. Para ela, será uma tentativa de atropelar o Congresso, usada no passado sem sucesso, e que vai trazer mais insegurança jurídica ao processo, já que a tendência é que o texto caduque antes de ser aprovado.
Landau afirma ainda que a privatização da Eletrobras perdeu relevância e se tornou mero simbolismo. “O setor elétrico anda bem sem a Eletrobras, e o governo vai acabar pagando para privatizar. Eu já sou contra a privatização nesses termos. Isso não me mobiliza mais”, afirmou.
D-Energy aposta na verticalização
O Valor Econômico traz hoje (11/02) uma reportagem sobre a petroleira D-Energy, empresa fundada em 2016 e que espera manter em 2021 o crescimento orgânico para dobrar o faturamento, podendo chegar a R$ 120 milhões. Com origens na comercialização de insumos para perfuração de poços, a D-Energy optou pela estratégia de verticalizar as operações até o fornecimento da matéria-prima para operações offshore.
“Da mesma forma que falavam que a Petrobras era ‘do poço ao posto’, a gente fala que a D-Energy é da ‘mina até o poço’”, diz o presidente e sócio da companhia Calixto Deberaldini, que toca o dia a dia da empresa ao lado do sócio Henrique Noronha em um escritório no bairro carioca da Lagoa.
Atualmente, a D-Energy, através da subsidiária IBC Brasil, tem uma operação de mineração no município baiano de Novo Horizonte, onde extrai sulfato de bário, que é então levado para unidades terceirizadas em São Paulo e Espírito Santo que transformam a pedra em barita, insumo para a fabricação de óleo de perfuração.
O passo final para integrar completamente as operações da D-Energy foi dado no fim do ano passado, com a aquisição da unidade portuária que a Newpark Drilling Fluids mantinha no Porto de Niterói, na região metropolitana do Rio. A compra foi fechada em novembro e a D-Energy opera a unidade desde 1º de dezembro, embora o negócio tenha sido concluído apenas no mês passado.
PANORAMA DA MÍDIA
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem (10/02) por 339 votos a favor 114 votos contrários, o projeto de autonomia do Banco Central (BC). Esse é o principal destaque de hoje dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.
A reportagem do Estado de S. Paulo enfatiza que a autonomia do BC é uma bandeira histórica da instituição. O projeto aprovado pela Câmara estabelece mandatos fixos de quatro anos e não coincidentes para os dirigentes do banco. A proposta também define como objetivo fundamental do BC assegurar a estabilidade de preços, mas fixa como objetivo secundário fomentar o pleno emprego. O texto, que já foi aprovado no Senado, vai agora à sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O jornal O Globo ressalta que o texto aprovado ontem era uma das propostas da lista de prioridades entregue pelo governo federal ao novo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e foi escolhido para sinalizar o apoio do Legislativo à agenda liberal defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes – embora o avanço em outras pautas, como a reforma tributária e as privatizações, seja considerado mais difícil.
De acordo com a reportagem, a medida aprovada tem como principal objetivo blindar a autoridade monetária de eventuais interferências políticas ao estabelecer, entre outros pontos, mandato fixo para o presidente do BC.
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Reportagem do Valor Econômico destaca que a fragilidade da atividade econômica, demonstrada pela queda de 6,1% nas vendas do varejo em dezembro, impõe um desafio para o Banco Central (BC), que acaba de ter sua independência aprovada pelo Congresso.
A autoridade monetária pode ter de subir os juros para enfrentar a alta inflacionária, apesar do ambiente recessivo neste primeiro trimestre. Apostas do mercado financeiro nessa direção crescem na mesma medida em que aumentam as pressões em Brasília por novas rodadas de auxílio emergencial.
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A Folha de S. Paulo informa que o Ministério da Saúde usou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a produção de 4 milhões de comprimidos de cloroquina, com o emprego de recursos públicos emergenciais voltados a ações contra a covid-19 e com destinação prevista do medicamento a pacientes com coronavírus.
Documentos da pasta obtidos pela reportagem, com datas de 29 de junho e 6 de outubro, mostram a produção de cloroquina e também de fosfato de oseltamivir (o Tamiflu) pela Fiocruz, com destinação a pacientes com covid-19. Os dois medicamentos não têm eficácia contra a doença, segundo estudos.