A alta de mais de 4% do preço do contrato futuro do petróleo Brent (referência internacional), para quase US$ 67 por barril, nesta quinta-feira, 4 de março, após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter o corte da produção de óleo, aumenta a pressão sobre os preços dos combustíveis no mercado brasileiro.
De acordo com cálculos da Associação Brasileira de Importadores e Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço da gasolina nas refinarias da Petrobras em relação à paridade de preço de importação (PPI) está em 11% em média, o equivalente a R$ 0,32 por litro. No caso do diesel, a defasagem está em 8%, ou R$ 0,22 por litro.
Segundo presidente da Abicom, Sérgio Araujo, considerando a política de PPI, a Petrobras precisa aplicar novos aumentos dos preços dos combustíveis nesta sexta-feira, 5 de março.
A petroleira já aplicou um reajuste de preços nesta semana. Na última terça-feira, o preço da gasolina nas refinarias subiu cerca de 4,8%, enquanto o preço do diesel sofreu variação da ordem de 5%.
A companhia, no entanto, sofre pressão do governo federal, preocupado com uma possível reação da categoria dos caminhoneiros, e da própria força de trabalho. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) incluiu em sua pauta de reivindicações o fim da política de PPI.
Greve
Mesmo se não houver um novo reajuste de preços dos combustíveis em curto prazo, sindicatos de petroleiros em seis estados (Amazonas, Espírito Santo, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia) pretendem entrar em greve nesta sexta-feira. Ligados à FUP, os sindicatos criticam o descumprimento do atual acordo coletivo de trabalho (ACT) e o programa de venda de ativos da Petrobras, entre outros pontos.
No caso da Bahia, empregados ligados ao sindicato dos petroleiros do estado (Sindipetro-BA), na prática, devem retomar a greve suspensa em fevereiro. Na ocasião, o movimento criticava a falta de informações da Petrobras sobre a situação dos funcionários da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, que está em etapa final de venda.
Procurada sobre a ameaça de greve nesta sexta-feira, a Petrobras não se manifestou de imediato.