A indicação do nome de Rodrigo Limp para a presidência da Eletrobras foi vista por pessoas próximas ao Ministério de Minas e Energia e à estatal como uma escolha minuciosa do governo para avançar com o plano de capitalização e privatização da elétrica. Na avaliação de especialistas ouvidos pela MegaWhat, Limp, atual secretário de Energia Elétrica do ministério, tem articulação política, trânsito com o Congresso e interlocução com o ministro Bento Albuquerque.
“Será um desafio grande, porém ele possui habilidade política para o processo de capitalização”, disse uma fonte próxima à Eletrobras.
“É um nome jovem, que fez uma carreira meteórica e tem uma ótima articulação com o Congresso”, afirmou um especialista do setor. “Ganhou a confiança do setor elétrico e do ministro rapidamente”. Segundo ele, a estratégia do governo ao colocar Limp no cargo é priorizar a privatização da Eletrobras e estabelecer um diálogo mais construtivo com o Congresso.
A MegaWhat apurou que, com a definição na presidência da holding, há expectativa de mudanças na diretoria e na gestão de controladas da Eletrobras. O objetivo seria buscar um melhor alinhamento para o plano de privatização, que irá demandar esforço de todo o grupo.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia ressaltou a importância da indicação de Limp para o plano de capitalização e privatização da Eletrobras. “A indicação reafirma o compromisso do governo na continuidade das ações visando ao aumento da eficiência operacional e ao aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras, observando que o processo de capitalização, em tramitação no Congresso Nacional, é essencial para que a Empresa se torne mais forte e competitiva; contribuindo para gerar emprego e renda à população brasileira; e proporcionando menores custos e melhores serviços aos consumidores de energia elétrica”.
Por ser servidor de carreira na Câmara dos Deputados, Limp deve contribuir com a aprovação da Medida Provisória (MP) 1.031, que trata da privatização da Eletrobras. “Ele possui o trânsito e a habilidade necessários para viabilizar a aprovação da capitalização da Eletrobras no Congresso, maior desafio que terá em sua gestão”, disse André Pepitone, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo Pepitone, a agência reguladora “se orgulha muito de ter um de seus quadros à frente da Eletrobras nesse momento histórico.”
A diretora do Centro de Regulação em Infraestrutura (CERI), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-diretora da Aneel, Joísa Dutra, também elogiou o nome de Limp. Ela destacou ainda a posição estratégica da Eletrobras no processo de transição energética, devido ao seu portfólio e experiência em geração hidrelétrica.
“A companhia é completamente capaz de gerar valor para a sociedade brasileira no contexto da transição energética”, disse a especialista.
O presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres, Paulo Pedrosa, também elogiou a indicação. “Limp é um profissional concursado, consultor legislativo da Câmara dos Deputados. Trabalhou em muitas medidas provisórias e projetos de lei lá dentro. Conhece e é respeitado pelos parlamentares e sabe como a casa funciona. É uma pessoa muito próxima do ministro [de Minas e Energia] Bento [Albuquerque] e é respeitado e ouvido pelo presidente da República. Ele pode fazer a diferença nesse momento da capitalização da Eletrobras”, disse o executivo, em vídeo divulgado nas redes sociais.
* Texto atualizado às 12h20 para a inclusão do posicionamento do Ministério de Minas e Energia e da opinião de Joísa Dutra.
** Texto atualizado às 12h55 para a inclusão do posicionamento do presidente da Abrace.
*** Texto atualizado às 14h30 para inclusão do posicionamento de André Pepitone, diretor-geral da Aneel.