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Petrobras buscará redução de volatilidade de preços sem ferir paridade com mercado internacional, diz Silva e Luna

Petrobras buscará redução de volatilidade de preços sem ferir paridade com mercado internacional, diz Silva e Luna

A nova gestão da Petrobras vai buscar reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis, sem descumprir a relação de paridade com o preço de importação dos produtos, afirmou o novo presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, em sua primeira fala oficial após assumir o cargo, nesta segunda-feira,19 de abril. Ele também destacou que a companhia vai perseguir a redução da sua dívida.

“Não há dúvidas de que os principais desafios, entre tantos outros, são fazer a Petrobras cada vez mais forte, trabalhando com visão de futuro, com segurança, respeito ao meio ambiente, aos acionistas e a sociedade em geral, de forma a garantir o maior retorno possível ao capital empregado. Crescer sustentada em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultraprofundas, buscando incessantemente custos baixos e eficiência. E fazer tudo isso conciliando interesses de consumidores e acionistas, valorizando os nossos petroleiros, buscando reduzir volatilidade sem desrespeitar a paridade internacional”, disse Luna, em seu discurso de posse.

A declaração impulsionou as ações da Petrobras. Após abrirem o pregão em queda, às 12h14, as ações preferenciais registravam alta de 3,49% (R$ 23,44) e as ordinárias subiam 3,79% (R$ 23,82) na B3.

Em uma rápida cerimônia, transmitida pela internet, devido às medidas de isolamento social por causa da pandemia de covid-19, Luna pontuou outros itens importantes da gestão anterior, de Roberto Castello Branco, além do alinhamento de preços de combustíveis ao mercado internacional. Nesse sentido, ele destacou a necessidade de reduzir custos e afirmou que o atual plano de negócios da empresa, com horizonte 2021-2025, já “sinaliza com as linhas mestras” para a superação dos desafios da companhia.

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Em um aceno aos funcionários, o novo presidente da Petrobras destacou que a força de trabalho da companhia é o “maior patrimônio” da empresa. E ressaltou a experiência dos novos diretores eleitos da petroleira, todos funcionários de carreira na estatal. “O somatório da vivência deles na Petrobras ultrapassa um século”, afirmou.

Desinvestimentos

Em discurso com tom político, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que participou da cerimônia, destacou o que chamou de “pujança da empresa e os expressivos resultados apresentados nos dois primeiros anos do governo [Jair] Bolsonaro”.

Nesse sentido, Albuquerque ressaltou a redução em R$ 150 bilhões da dívida bruta da petroleira. “Dívida esta provocada por má gestão, improbidade e desvios ocorridos no passado recente”.

O ministro ressaltou ainda a importância do plano de desinvestimentos da companhia, que busca levantar entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões com venda de ativos até 2025, para reduzir a dívida da empresa e aumentar sua capacidade de investimento. “Tais medidas vão ao encontro dos compromissos com o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e dos objetivos da política energética nacional: promover a concorrência no mercado de petróleo e gás natural”, completou Albuquerque.

Para Rodrigo Leão, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o discurso de Silva e Luna foi alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, que vem solicitando maior previsibilidade e antecipação de informações sobre a companhia. “Mas isso não significará uma ruptura com a política de desinvestimento da companhia e com as diretrizes da gestão Castello Branco”, completou ele, em nota.

Segundo Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, em que pese a manifestação da nova gestão em continuar com a política de desinvestimentos da companhia, uma possível alteração futura na política de preços de combustíveis deve evidenciar a necessidade de a companhia continuar otimizando seu portfólio de modo a fazer frente às suas obrigações e cobrir possíveis perdas. O especialista entende ainda que, se houver mudança na política de preços, o prêmio cobrado pelos entrantes no setor de refino será maior.

* Matéria atualizada às 17h01.

(foto: Alaor Filho/Agência Petrobras)