Com um ambicioso plano de investimentos de R$ 4,6 bilhões nos próximos três anos, a Focus Energia segue no processo de transformação em uma empresa de comercialização e geração de energia renovável com foco no mercado livre de energia.
A oferta pública inicial de ações (IPO) da companhia, realizada em 8 de fevereiro, levantou cerca de R$ 765 milhões para o caixa da companhia, recursos que já começaram a ser implementados no comissionamento das obras do projeto solar fotovoltaico Futura 1, que terá 671 MW de potência e tem previsão de entrar em operação em abril de 2022.
“O financiamento do Futura 1 está 100% equacionado, mas ainda temos energia para comercializar”, disse Alan Zelazo, presidente da Focus, em entrevista concedida à MegaWhat na última quinta-feira, 29 de abril. No total, o investimento projetado para o empreendimento é de R$ 2,3 bilhões, segundo o executivo. A companhia ainda não captou os recursos no mercado, mas os contratos firmados de venda de energia no mercado livre no longo prazo garantem as garantias necessárias para a estrutura de financiamento.
O diferencial da companhia é já ter, por sua atuação como comercializadora, uma carteira sólida de clientes, com baixo risco de contraparte. “Temos uma área de crédito super avançada, temos trabalhado muito nisso nos últimos anos. Prezamos ser uma empresa saudável em termos de caixa, previsibilidade”, disse Zelazo, completando que a Focus não “trabalha com qualquer um.”
Até a divulgação do resultado de 2020, realizada em março, a Focus já tinha contratado 80% da capacidade de geração do Futura 1 nos cinco primeiros anos do projeto, e 65% no longo prazo, ao preço médio de R$ 147/MWh.
“A empresa hoje está com o foco muito grande de entregar a primeira fase do projeto, que é o Futura 1. Todos os esforços estão nesse caminho”, disse Zelazo. A comercializadora, por sua vez, está “em voo de cruzeiro”, mantendo suas atividades e gerando o resultado esperado. “Ela deve ter crescimento nos próximos anos dada a sinergia com as operações de geração, mas ainda é cedo para capturar esses ganhos”, afirmou.
Em paralelo, a Focus continua com os esforços para contratação de energia do Futura 2, previsto para 2023, e com planos para crescer em geração distribuída.
Recentemente, a companhia anunciou uma parceria com a Cielo, no qual oferece desconto para clientes da empresa de meio pagamento eletrônicos. São duas categorias. Em geração distribuída, os clientes da Cielo que estejam na área de concessão da Energisa Sul Sudeste podem aderir a um consórcio e ter uma economia de 15% na conta de luz, por meio dos créditos gerados pelos projetos de geração solar e hídrica da Focus na região.
Os clientes da Cielo conectados em alta tensão não ficam de fora da parceira. Neste caso, eles podem optar pela migração ao mercado livre de energia, com um desconto de até 30% na conta de luz.
Assim, a Focus aumenta o alcance da sua carteira de clientes, já que a rede de clientes da Cielo é pulverizada em todo o país.
“O movimento com a Cielo é um que acreditamos que o mercado deve fazer. Estamos sendo pioneiros em ser o primeiro player com uma parceria de varejo, para trazer o varejo para o mercado de energia”, disse Zelazo. Segundo ele, os clientes estão demonstrando satisfação e aderindo à parceria.
Além dos projetos de geração solar, a Focus tem duas centrais de geração hidrelétrica (CGHs) em Minas Gerais, uma em operação em Camamducaia, área de concessão da Energisa, e outra em Cachoeira do Espírito Santo, área da Cemig, prevista para entrar em operação em setembro. A energia das usinas será enquadrada como geração distribuída, permitindo o avanço de parcerias como a da Cielo.
“E estamos analisando outros projetos ao longo dos próximos meses”, disse Zelazo. Segundo ele, a corrida de desenvolvedores de geração solar por pareceres de acesso, a fim de aproveitar a validade do desconto no fio, tem feito com que muitos empreendimentos sejam oferecidos no mercado secundário. “Temos que olhar sempre. Olhamos projetos greenfield, para construção, e também olhamos projetos em operação comercial”, disse.
O foco é nas fontes solar e eólica, até pelo contexto de transição energética e busca de energia renovável pelos clientes. “O Brasil tem uma chance única de liderar uma discussão em relação à transição energética. Não nos vejo sendo meramente um agente que segue os outros países”, afirmou.