O consumo de gás natural para geração termelétrica cresceu 24,2% no primeiro trimestre de 2021, alcançando 31,2 milhões de m3/dia, segundo dados divulgados pela Abegás. O aumento do volume considera o mesmo período do ano anterior, e ocorre durante uma das piores crises hídricas acompanhada pelo setor elétrico nacional.
“Não é um episódio fortuito, vem se agravando desde 2014. E a geração térmica a gás natural seria a melhor alternativa para preservar e recuperar os reservatórios das hidrelétricas”, aponta Augusto Salomon, presidente-executivo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
Na região Sul, que apresenta um dos priores níveis de reservatório do país, a alta foi de 257,5% no consumo de gás para a geração elétrica, somando 1.543,9 m3/dia no primeiro trimestre de 2021. Já no Sudeste, o aumento foi de 41%, chegando a 18.305,7 m3/dia.
O executivo ainda reforça a necessidade de leilões regulados para a contratação do gás do Pré-sal brasileiro, o que incentivaria a redução dos níveis de reinjeção e a monetização do gás. “Em paralelo, é preciso rever o planejamento energético do País, dando um sinal claro de demanda e expansão da geração termelétrica a gás. É inaceitável que com as imensas reservas de gás natural o país volte a conviver com o risco hidrológico e os baixos níveis dos reservatórios, além de continuarmos sendo importadores de gás natural”.
Os dados divulgados pela Abegás ainda apontam um crescimento de 12,3%, alcançando 70,7 milhões de m3/dia, na soma dos consumidores de gás no país. Além da geração termelétrica, a performance do segmento industrial foi indicado pela associação como um dos principais fatores que elevaram o consumo total do país no primeiro trimestre.
Na indústria, o consumo cresceu 7,2% no período, na comparação com o primeiro trimestre de 2020. De janeiro a março deste ano, o consumo industrial atingiu 28,4 milhões de m3/dia, em média, ante 26,5 milhões m3/dia no primeiro trimestre de 2020.
“Nossa expectativa é que, com o avanço da campanha de vacinação, esses números possam melhorar no segundo trimestre”, afirma Augusto Salomon, presidente da Abegás.
O segmento de cogeração acompanhou o ritmo da recuperação industrial e apresentou ligeira alta de 0,5% no consumo chegando a 2,3 milhões de metros cúbicos/dia. No entanto, outros segmentos de consumo continuam a sofrer os impactos da pandemia.
Um exemplo é o automotivo, que registrou 5,4 milhões de m3/dia, uma queda de 5,1% no volume diante dos 5,7 milhões de m3/dia nos três primeiros meses do ano passado.
O mais afetado, no entanto, foi o segmento comercial, que viu uma queda de 19% no consumo. Isto ocorreu por causa das medidas de restrições ao funcionamento de bares e restaurantes. Já o segmento residencial permaneceu praticamente estável, ficando em 1,137 milhão de m3/dia, variação negativa de 0,8%.