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Indústria critica aumento da tarifa de gás natural da Comgás

Indústria critica aumento da tarifa de gás natural da Comgás

Associações de consumidores industriais reagiram ao reajuste das tarifas de gás natural da Comgás, aprovado esta semana pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), e pretendem recorrer do processo tarifário. Em nota conjunta, a Abrace (grandes consumidores), Anace (consumidores), Abividro (indústria do vidro), Abiquim (química), Aspacer (cerâmicas de revestimento), destacaram que o efeito tarifário vai na contramão da aprovação da Nova Lei do Gás, em âmbito nacional, cujo objetivo é aumentar a competitividade da indústria.

De acordo com a decisão da Arsesp, o efeito médio do reajuste da tarifa da Comgás para os consumidores industriais será de 9,7% (consumo médio de 1 milhão de m³/mês) e de 8,4% (consumo médio de 10 milhões de m³/mês). A correção foi influenciada principalmente pelo reajuste no contrato de gás natural da Petrobras para as distribuidoras de gás em maio.

As entidades, no entanto, alegam que o reajuste na área de concessão da Comgás poderia ser nulo, caso as decisões regulatórias da Arsesp e do governo de São Paulo contemplassem os pareceres jurídicos da procuradoria do estado de São Paulo e uma demanda das indústrias sobre erro nos cálculos de revisões feitas desde 2018.

Segundo as entidades, a Comgás abriu mão de ações judiciais com a Petrobras em 2018, tendo efeito positivo de R$ 800 milhões, que deveriam ter sido revertidos em receitas, evitando aumentos expressivos na tarifa. As associações alegam que esse montante acabou não recebendo o devido tratamento regulatório, o que poderia ter aliviado o aumento tarifário.

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No segundo caso, segundo as entidades, foi identificado um erro na revisão tarifária para o ciclo 2018-2024, já reconhecido pela agência e que, portanto, deveria ter sido considerado no evento tarifário deste ano.

Segundo o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte, esses pontos fizeram com que as tarifas de gás tivessem um aumento, em vez de redução. A associação pretende recorrer do processo tarifário, em âmbito administrativo. “E, se for o caso, também vamos recorrer à Justiça”, completou Belmonte.

Em nota sobre o reajuste tarifário, a Arsesp destacou que o recente reajuste do gás natural fornecido pela Petrobras para a Comgás e a aceleração da inflação medida pelo IGP-M levariam a um aumento médio nas tarifas de 34%. Para conter o impacto, a Arsesp propôs reduzir o índice de reajuste da margem de 32% para 7,6%, para consumidores residenciais e comerciais.

Com relação aos demais usuários, incluindo os consumidores industriais, a agência explicou que a aplicação do “termo K” – componente contratual que corrige diferenças entre as margens autorizadas e as margens obtidas pela concessionária – e a redução nas parcelas de contas gráficas – componente tarifário que ajusta as diferenças entre o preço do gás pago pela concessionária à Petrobras e o preço do gás incluído na tarifa – minimizaram o reajuste tarifário para 9,7% para indústria com consumo médio de 1 milhão de m³/mês.

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