A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos na região hidrográfica do rio Paraná até 30 de novembro deste ano, informa o Valor Econômico. Conforme resolução publicada ontem (01/06), a agência poderá “definir condições transitórias para a operação de reservatórios ou sistemas hídricos específicos, inclusive alterando temporariamente condições definidas em outorgas de direto de uso de recursos hídricos”.
A agência disse que o cenário é de “escassez hídrica relevante” em comparação aos períodos anteriores e que “a situação desfavorável prevista para os próximos meses representa impactos a usos da água, em especial para os usos não consuntivos de lazer e turismo, navegação e geração hidrelétrica”.
A ANA também vai estabelecer um Grupo Técnico de Assessoramento da Situação da Região Hidrográfica do Paraná (GTA-RH Paraná), com a participação dos órgãos gestores dos recursos hídricos nos estados abrangidos, para contribuir com a tomada de decisão da gestão dos recursos hídricos da região.
Risco de falta de energia e escassez de insumos na indústria podem cortar até 1 ponto no PIB
O risco de desabastecimento de energia e a falta de fornecimento de insumos para a indústria ameaçam derrubar em até 1 ponto percentual o ritmo da retomada, segundo técnicos do Ministério da Economia, informa a Folha de S. Paulo.
O diagnóstico ameaça o otimismo do ministro Paulo Guedes. Animado com a experiência da vacinação em massa em Serrana, no interior de São Paulo, ele esperava crescimento na casa de 6% neste ano. O impulso seria a imunização de pelo menos metade da população até o fim do terceiro trimestre.
No entanto, na avaliação de auxiliares de Guedes, o acionamento das usinas térmicas, que geram energia a custo muito mais elevado, vai pressionar para cima a conta de luz neste ano, especialmente a do setor produtivo, levando a inflação para cerca de 4,5%, acima do centro da meta novamente.
Pandemia, inflação e crise hídrica ameaçam aceleração mais forte
A economia teve um desempenho melhor que o esperado no primeiro trimestre do ano, apesar do recrudescimento da pandemia. Dados apontam algum ganho de tração em maio, após a queda de abril. Bancos e consultorias elevaram as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do ano, mas o sentimento é de cautela entre os analistas.
Caio Megale, economista-chefe da XP, vê três riscos relevantes para a atividade neste ano. A pandemia, a crise hídrica e o aumento da inflação. No primeiro caso, embora o cenário da XP contemple a vacinação de toda a população acima de 18 anos até o fim do ano, a casa ressalta que os números ainda muito ruins, com uma média móvel de mortos por covid-19 ainda perto dos 2 mil por dia.
No segundo quesito, Megale pondera que há dúvidas sobre quanto a crise gerada pela forte queda do nível dos reservatórios hidrelétricos vai se traduzir em impacto na atividade econômica, mas certamente um efeito já foi notado: uma dinâmica menos favorável para inflação por causa do aumento do custo da energia elétrica.
A energia é o terceiro risco no cenário da XP. “Por ora, o risco é maior para inflação do que para a atividade. Para a inflação é um risco já concretizado”, diz. (Valor Econômico)
Manutenção da Petrobras faz sistema perder 3,5 mil MW
O sistema elétrico brasileiro deve perder até 3,5 mil megawatts (MW) em oferta de usinas térmicas a gás natural, por causa de uma parada para manutenção em plataforma e rede de escoamento do insumo da Petrobras. O cálculo do impacto circula na cúpula do governo e foi relatado ao Valor Econômico por uma autoridade do setor.
Na avaliação oficial, essa perda de capacidade no sistema é muito preocupante em um momento de pico da estiagem, quando os reservatórios estão perto do pior nível desde 2001 e todas as térmicas deveriam ser acionadas a toda potência. De acordo com a reportagem, o governo deve questionar a Petrobras para que avalie a real necessidade de dar manutenção, agora, na plataforma Mexilhão e no gasoduto Rota 1, no pré-sal de Santos. A baixa projetada na oferta de energia térmica está associada justamente à paralisação desses dois empreendimentos entre agosto e setembro.
PANORAMA DA MÍDIA
A surpresa positiva no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano, com alta de 1,20%, é o principal destaque da mídia nesta quarta-feira (02/06).
O jornal O Estado de S. Paulo ressalta que o resultado elevou as expectativas do mercado para o desempenho da economia em 2021. A mediana da pesquisa Projeções Broadcast saltou para 5,00%, com apostas que consideram um carrego estatístico na casa de 4,90%. A terceira onda da pandemia de codi-19 e um possível racionamento de energia, porém, são citados por analistas como principais riscos para a atividade.
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O Valor Econômico relata que, pelo lado da oferta, o grande destaque foi a agropecuária, com crescimento de 5,7% em relação ao quarto trimestre de 2020. No caso da demanda, o investimento teve o melhor resultado – uma expansão de 4,6%. O ambiente externo favorável e o acúmulo de estoques contribuíram para o bom desempenho no período de janeiro a março. Alguns indicadores do segundo trimestre, como arrecadação, crédito e emprego formal, também mostram bons resultados.
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O jornal O Globo informa que a alta do PIB no primeiro semestre do ano, de 1,2% na comparação com o registrado no quarto trimestre de 2020, foi superior às projeções do mercado e fez com que os analistas revisassem para cima as suas projeções de crescimento da economia para este ano. Entre os mais otimistas, está o banco Goldman Sachs, que revisou sua previsão de crescimento para o PIB do país neste ano de 4,6% para 5,5%.
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Além de reportagens na seção de Economia, o editorial da edição de hoje da Folha de S. Paulo é sobre o resultado do PIB. O texto ressalta que a atividade voltou ao mesmo nível do primeiro trimestre do ano passado, que praticamente não sofreu o impacto da pandemia, mas boa parte da população não terá notado melhora. O editorial cita o emprego, a redução rendimentos do trabalho do poder de compra.
“A despesa de consumo das famílias caiu, tanto em relação ao trimestre final de 2020 quanto a um ano atrás. Também caiu o dispêndio do setor público. O PIB avançou, em especial, por causa da alta expressiva dos investimentos, na grande maioria privados. Em geral, a economia se beneficiou dos bons desempenhos da agropecuária e da indústria extrativa –favorecidas por aumento de preços e produção – e da recomposição de estoques industriais.”