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PSR não vê cortes de energia ou de potência em cenário de estresse

PSR não vê cortes de energia ou de potência em cenário de estresse

Uma piora no cenário hídrico de 2021 em comparação com o ano passado, combinada ao crescimento da demanda por energia até dezembro, pode fazer com que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste cheguem ao fim de novembro com 10% da capacidade, de acordo com uma simulação da PSR Energy. Mesmo nesse cenário, considerado de “estresse” pela consultoria especializada, não haveria cortes de energia ou de potência no país. 

O Energy Report de maio, publicado nesta semana pela PSR, analisa as condições dos reservatórios hídricos, considerada difícil, e aponta que monitoramento, governança e comunicação são fundamentais para garantir o aumento da oferta por energia e a flexibilização da demanda, “para o sucesso na travessia do período seco de 2021.”

Para 2022, há preocupação, mas a PSR afirma que ainda é cedo para “alarmes”, já que há incertezas associadas à transição entre os períodos hídricos de 2021 e 2022, e devido à expectativa de entrada em operação de 10 GW em energia nova no próximo ano.

Na análise do cenário hídrico de 2021, a PSR considerou uma restrição individualizada de armazenamento mínimo de 6% para cada um dos principais reservatórios de acumulação do país.

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No cenário conservador, foi considerada a demanda prevista pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no Programa Mensal de Operação (PMO) de maio, o cronograma de entrada e manutenção de geração e transmissão, restrições de uso múltiplo da água, e retirou do sistema 2 GW de termelétricas a gás em agosto, devido à manutenção do campo de gás de Mexilhão. 

Além disso, a PSR replicou a produção eólica e solar de 2020 (mantendo o fator de capacidade médio para a geração nova), e utilizou as vazões observadas entre maio e dezembro de 2020 (as mais baixas em 90 anos) nas projeções para o mesmo período deste ano. 

Nesse cenário, o Sudeste/Centro-Oeste chegaria ao fim de novembro com 21% da capacidade total, segundo o pior de todos os submercados. O Sul ficaria com 67%; o Nordeste, com 57%; e o Norte com 54%.

O cenário de estresse usa praticamente os mesmos dados, mas as afluências de 2021 seriam 90% das afluências de 2020, ao mesmo tempo em que a demanda de maio e dezembro deve ser 3% superior à considerada no cenário conservador. É sob essas premissas que as simulações apontam para o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em 10% da capacidade. No Sul, seria de 32%; Nordeste, 46%; e Norte, 40%.

Ainda que as análises da consultoria não tenham detectado possibilidade de corte de energia ou de potência em mesmo no cenário de estresse, a PSR sugere medidas adicionais que podem ser tomadas para melhorar as condições de suprimento do sistema. 

No lado da oferta, o relatório aponta a negociação do combustível e o acionamento de usinas sem contratos firmes, e também a realização de leilões de emergência para a contratação de energia de usinas disponíveis no sistema, como a biomassa e óleo combustível.

Também pode ser feita uma flexibilização dos limites de intercâmbio entre as regiões, com limites menos estritos de segurança e estabilidade, além da identificação de flexibilidades adicionais no sistema hidroelétrico, que permitam operar as usinas mais próximas de seus limites técnicos.

“Apesar do custo extra, essas medidas podem ser implementadas rapidamente, dentro de um processo que demandará muito boa governança para a tomada de decisões. A PSR está analisando o efeito dessas medidas, assim como o montante e o tempo de implementação”, diz o Energy Report. Os resultados dessas análises devem ser apresentados em uma edição futura do relatório, que é mensal.

Do lado da demanda, a consultoria sugere acelerar o processo de implementação do programa Resposta da Demanda, no qual o consumidor livre pode reduzir o consumo em troca de uma contrapartida financeira, ou pode reduzir a demanda em determinado volume durante horários específicos. Outra sugestão é o acionamento permanente da bandeira tarifária vermelha nível 2.

O relatório lembra ainda que, em 2017, foram necessárias medidas como a maximização da geração termelétrica e a flexibilização da defluência mínima de Sobradinho, no São Francisco, assim como a realização de campanhas de conscientização em diversas mídias. Além disso, foi concebido, mas não implementado, um leilão para compra emergencial de geração a biomassa ou reposta pelo lado da demanda, como energia de reserva oferecendo um contrato de dois ou três anos. 

A PSR aponta que as ações do governo até o momento tem sido adequadas, com a criação de uma sala de situação sobre condições hidrológicas e gestão energética pelo Ministério de Minas e Energia, com a participação de integrantes de outras pastas, e a criação de um gabinete de situação semelhante pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Na opinião da PSR, a criação desta estrutura de governança e monitoramento é correta, assim como as medidas anunciadas até o momento”, diz o relatório. Segundo a consultoria, isso vai exigir coordenação e, sobretudo, comunicação, atividade importante pela transparência com a sociedade.