A situação hídrica atual requer atenção e monitoramento constante para evitar a necessidade de um racionamento. Nesse contexto, o governo tem adotado medidas para garantir o suprimento, como mostra a análise “Panorama Atual – Análise da Conjuntura“ publicada nessa quinta-feira, 24 de junho, pela MegaWhat Consultoria.
Segundo Ana Carla Petti, presidente da MegaWhat Consultoria, aprimoramentos importantes nesse sentido foram informados ontem pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a fim de tornar o programa de resposta da demanda mais atrativo aos grandes consumidores. O governo conta com a redução do consumo da indústria em horários de pico para evitar blecautes.
A CCEE determinou que seja divulgada previamente aos consumidores a chamada “linha base” que, segundo Petti, é o consumo de referência abaixo do qual fica caracterizada a efetiva redução de consumo ofertada. “O consumidor não sabia previamente dessa curva”, explicou a especialista.
A outra determinação informada ontem pela CCEE é que não haverá mais a rampa de retomada de consumo após o período de redução ofertado. Até então, o consumidor era obrigado a aumentar o consumo. “Esses dois pontos restringiam a oferta de redução de demanda, então são aprimoramentos”, disse Petti.
Outra medida importante lançada nessa semana foi a abertura pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para contratação adicional de termelétricas com Custo Variável Unitário (CVU) igual a zero, o que direciona o certame para usinas a biomassa.
De acordo com Ana Carla Petti, a intenção é aproveitar a capacidade ociosa de usinas a biomassa e um eventual excedente do combustível. Por isso, a geração prevista precisará ser maior do que a garantia física das usinas, ou maior do que a geração realizada no ano anterior.
O leilão deve ser destinado às usinas que já venderam energia em leilão no ambiente regulado mas que tenham capacidade ociosa ou gerem mais que o vendido. A nota técnica disponibilizada na consulta pública, porém, também menciona usinas no mercado livre, o que deve abrir espaço para esses empreendimentos.
Essas medidas, combinadas a outras em andamento, como as flexibilizações na operação das hidrelétricas e os esforços para antecipação da operação comercial de usinas e linhas de transmissão previstas para 2021 e 2022, devem ajudar a minimizar o risco de racionamento.
“A elevação dos custos, entretanto, é inevitável”, conclui Ana Carla Petti. A análise calcula que os encargos de serviços do sistema (ESS) acumulados entre outubro de 2020 e abril de 2021 tenham somado R$ 5,5 bilhões. Para este ano, a previsão é de que os encargos cheguem a R$ 10 bilhões.
Se interessa pelo tema? A MegaWhat publica semanalmente a análise Monitoramento – Racionamento e Expectativas, trazendo os cenários da crise hídrica em comparação com o atendimento do consumo de energia.
Saiba mais:
A MegaWhat lançou em junho a série Do Apagão à Transição, que conta com um conjunto de conteúdos sobre o tema e terá convidados especiais e nomes relevantes do setor para debater as medidas tomadas na época, o cenário atual e o futuro do mundo da energia.
Junte-se aos líderes e aos grandes especialistas do mercado de energia para um debate dos principais temas da transição energética. O evento acontecerá nos dias 30 de junho e 1º de julho. Inscreva-se para ter acesso à programação completa. As vagas são limitadas.
Ouça os podcasts já publicados da série Do Apagão à Transição:
#1 Do Apagão à Transição – Tudo que aconteceu antes do racionamento
#2 Do Apagão à Transição – O racionamento era inevitável: como dar a volta por cima
#3 Do Apagão à Transição – Uma saída para o racionamento de energia
#4 Do Apagão à Transição – Um novo modelo para o mercado de energia: Relatório Kelman