O Banco Central (BC) levanta vários cenários sobre o impacto do setor elétrico para o controle da inflação e a economia neste ano e em 2022. De um lado, a inflação vai ficar pressionada com o aumento na taxa extra na conta de luz, após reajuste na bandeira vermelha ainda a ser definido, com reflexos para o ano que vem. Por outro lado, diretores e técnicos do BC também avaliam se a necessidade de racionamento de energia para evitar um apagão pode aliviar a inflação e conter o crescimento.
Ambas as possibilidades são levadas em conta para definir o rumo da taxa básica de juros, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O BC iniciou em março o processo de alta da Selic (a taxa básica de juros) para segurar a inflação. Desde então, a taxa passou de 2%, o menor nível histórico, para 4,25% ao ano.
De acordo com a reportagem, a perspectiva de que a bandeira vermelha nível 2, hoje em R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh), será reajustada para além de R$ 7,57 por 100 kWh pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estava fora do radar da instituição. Foi apenas na semana passada que o órgão regulador reconheceu que será necessário aumentar o valor além do que foi proposto em consulta pública, que previa uma alta de 21%. Isso será incorporado pelo BC a partir de agora.
Mesmo esse aumento adicional na bandeira não cobrirá todos os custos das distribuidoras com a compra de energia. A parte que não é capturada pelas bandeiras ficará para os reajustes anuais em 2022. Procurado pela reportagem, o BC não se manifestou.
Após alimentos e combustíveis, energia e serviços são ameaças inflacionárias
Análise publicada hoje (24/06) pelo site do jornal O Estado de S. Paulo informa que a escalada mais recente da inflação no Brasil é resultado, em grande parte, da pandemia de covid-19. Em primeiro lugar, a reaceleração de algumas das maiores economias ainda em 2020, principalmente a chinesa, elevou a demanda pelas commodities (produtos básicos) agrícolas brasileiras. Isso se traduziu na alta dos preços dos alimentos no mercado interno.
Um segundo fator está ligado à elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, que afetou o custo dos combustíveis no Brasil. O preço da gasolina encerrou 2020 praticamente estável, mas em 2021 até maio já subiu 24,7%. O gás de botijão – item importante para o orçamento das classes mais baixas – subiu 9,2% no ano passado e 14,25% este ano.
Outro fator que contribuiu para a inflação foi o dólar, que se manteve em níveis superiores a R$ 5,50 durante boa parte do ano passado e deste ano. Mais recentemente, dois novos fatores entraram no radar do governo: o custo da energia elétrica e a inflação de serviços. No primeiro caso, a seca que atinge a região das hidrelétricas tende a elevar os preços da energia, como forma de compensar os gastos extras que o país terá com a produção das termoelétricas. Em 2020, a energia elétrica residencial ficou 9,14% mais cara. Em 2021 até maio, há uma baixa de 0,53%, mas a tendência é de elevação nos próximos meses. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo.
Governo fala em retomar projeto de abertura do mercado livre
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, falou em voltar a industrializar o Brasil por meio da energia barata. Nesse sentido estão no foco a Lei do Gás, já aprovada, e a modernização do setor elétrico que está na Câmara dos Deputados, no projeto de lei (PL) 414. Em evento online com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizado recentemente, o ministro afirmou que a abertura total do mercado de energia é o outro pilar que ajudará na retomada da atividade industrial do país.
Esse movimento que o governo pode ter sobre a energia vai ao encontro do efeito que o insumo deverá ter na inflação. Ao lado de alimentos, foi apontado pelo ministro como o item que mais tem pesado para o consumidor. “Vamos voltar com a liberalização do mercado de energia”, prometeu Guedes. (Canal Energia)
A Reliance Industries, com uma receita anual de US$ 63 bilhões oferece um vislumbre da nova ordem que aguarda alguns dos maiores produtores mundiais de combustíveis fósseis. Gigantes globais como Exxon Mobil e TotalEnergies estão sob pressão para reduzir seus índices de emissão de carbono, à medida que governos, investidores e consumidores se unem para combater as mudanças climáticas e o aquecimento global.
A transformação proposta também se alinha com as prioridades do governo do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que tem debatido metas climáticas agressivas que reduziriam as emissões líquidas de gases de efeito estufa a zero em meados do século, uma década antes da China. (Valor Econômico)
PANORAMA DA MÍDIA
Uma carta assinada por mais de 170 empresários e figuras públicas foi enviada ontem (23/06) ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pedindo o veto a três projetos de lei da área ambiental que podem, segundo eles, gerar prejuízos irreversíveis às companhias brasileiras e à imagem do país.
Os signatários se opõem às propostas legislativas 984/2019, 490/2017 e 2633/2020, relacionadas a mudanças na legislação ambiental, com impacto na demarcação de terras indígenas, na mineração nessas áreas e na regularização de terras da União ocupadas por grileiros.
O documento é assinado por nomes como Roberto Klabin, membro do conselho da empresa de celulose Klabin, Guilherme Leal, da Natura, Walter Schaka, da Suzano, Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Nelson Sirotsky, ex-presidente do Grupo RBS, e a economista Elena Landau. (Folha de S. Paulo)
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O dólar comercial tem nova sessão de queda firme nesta quinta-feira, influenciado pelo apetite por risco no exterior e também pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, que deu mais uma indicação na direção da normalização total da Selic (taxa básica de juros). Por volta das 13h30, a moeda americana caía 0,84% no Brasil, a R$ 4,9192, perto da mínima de R$ 4,9147 do dia. (Valor Econômico)
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O ciberataque que tirou do ar os sistemas do Grupo Fleury desde a manhã de terça-feira (22/06) é um dos exemplos do quão frequentes e bem-sucedidas têm sido as tentativas de sequestro de dados, os ransomwares, contra empresas no Brasil. Hospitais que utilizam os serviços do Fleury, como os da Rede D’Or São Luiz, estavam trocando informações sobre exames de seus pacientes com o laboratório, manualmente. Dos 56 hospitais da Rede D’Or no país, 14 são atendidos pelo Fleury, na Grande São Paulo e Distrito Federal. Também cliente do Fleury, o Hospital Sírio-Libanês informou, por meio de nota, que implementou fluxos e sistemas alternativos para manter a realização de exames laboratoriais e a entrega de laudos. (Valor Econômico)
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o governo vai entregar nesta quinta-feira (24/06) o projeto que muda o Imposto de Renda para pessoas físicas, jurídicas e que trata da taxação de dividendos, uma das fases da reforma tributária da equipe econômica. (Folha de S. Paulo)